segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Amigo, você não fez nada


Tenho dias de confusão que só meus travesseiros entendem, e nesses, tudo que quero do mundo é distância.
Se acaso me encontrar por ai sem o riso que costumo levar, saiba que não estou no meu melhor momento.
Mas olha, eu continuo em algum lugar no meio de todo o cinza.
Aquela pessoa falante e repleta de sonhos.
Então não me mande mensagens quando eu sumir, não tente me encontrar.
E por fim, não me pergunte se estou bem, porque nós dois sabemos a resposta.
Quando a poeira baixar, eu vou precisar que você me lembre de tudo de bom que sempre lhe digo. Mas nos meus dias tristes me deixe só.
Preciso me ausentar do mundo algumas vezes, e ter meu tempo pra chorar e fazer meu escândalo silencioso no meu quarto.
Tenho minhas manias, meus estados, e às vezes, não é da conta de ninguém.
Não é o peso de ninguém.
Demorei muito pra aceitar que algumas bagunças fazem parte de quem sou.
Agora preciso encontrar sozinho a paz dentro da minha própria confusão.
E sabe, sumir faz parte.
Há momentos em que precisamos nos despedir de todo mundo e mergulhar dentro de nós mesmo pra lembrar quem somos. Pra poder ouvir as batidas do nosso próprio coração.
Eu vou ficar bem, mas no meu tempo.
Só não tente, porque eu mesmo não me entendo em grande parte do tempo.
Seu trabalho não é me compreender, mas se ainda estiver por aqui depois de tudo isso, um abraço seu seria ótimo.

por Daniel Duarte

A mãe do pai


"A mãe da mãe tem as portas abertas.
Liberdade, intimidade, jeitinho.
É coadjuvante da novidade, doadora silenciosa do amor.
Cúmplice de uma nova mãe que merece e precisa da sua presença.
Mas e a mãe do pai?
Quão difícil é ser mãe do pai.
Achar a brecha, encontrar o lugar, se chegar.
A mãe do pai não tem que ajudar nas posições das mamadas, não tem que fazer compressas pré amamentação.
Para isso já existe a mãe da mãe.
É ela quem o coração de filha pede.
E assim, a mãe do pai fica ali, observando de perto mas de longe.
A mãe do pai não tem desculpas para visitas demasiadamente prolongadas.
Precisa ir na coragem, na boa cara de pau, na fé.
A mãe do pai não pode ligar 3x ao dia para saber como está o toquinho de gente que fez seu coração explodir mais uma vez.
Ser mãe do pai é presenciar o filho se descobrir na paternidade, e ao mesmo tempo ter relances do garotinho que ontem segurava sua mão, e agora segura um bebê.
Ser mãe do pai é querer beijar, abraçar, palpitar na vida de um bebê que é tão seu, mas nem tanto.
É o amor incondicional que não pode chegar arrombando, precisa ser manso, bater na porta.
Ser mãe do pai é ter que aprender a respeitar a ordem do tempo e principalmente das coisas.
É o amor resiliente, humilde, paciente.
Tenho a impressão que ser mãe do pai é o mais paciente dos amores.
É a união do amor com a espera.
Espera pelo momento, pela sua hora.
É falar, já que às vezes o amor fala demais, e se arrepender.
A verdade, que não se pode negar, é que a mesma frase dita pela mãe da mãe, é recebida de forma diferente quando dita pela mãe do pai.
Ser mãe do pai é enxergar em outra mulher não somente a esposa do filho, mas a guardiã e mãe do novo ser que é tão importante na sua vida.
Ser mãe do pai é um papel tão complexo que assusta.
E me traz uma ponta de tristeza, pois um dia será a minha vez.
E uma ponta de vergonha, já que lembro da minha sogra e da sua jornada como mãe de pai.
Pensando assim meu coração me pede mais paciência, compreensão, tolerância. Me pede para lembrar que quando o assunto é amor para os meus filhos, seja da mãe da mãe, ou da mãe do pai, nunca é demais.


Autora: @a.maternidade - Rafaela Carvalho”