quarta-feira, 29 de junho de 2016

Melhor ainda é ter raízes

 Que lindo texto, nossa vida é tão passageira não vale a pena viver de aparências... que as raízes do nosso viver sejam profundas para que nada possa abalar o nosso viver.


Um pouco pensativo, como sempre...

Não é distração... Como é bom provocar o encontro da emoção com a razão! 

“Talvez você esteja buscando nos galhos o que só encontramos nas raízes.” (Rumí). 

Voltar o olhar à vida é uma tarefa corriqueira, para quem decidiu não viver de qualquer jeito. Reservar um tempo diário para dar contorno aos pensamentos é uma maneira interessante de equilibrar a pressa com o desejo de viver intensamente. 

Nenhuma vida deveria ficar mais tempo na superficialidade e pouco tempo na interioridade. Um tanto impossível identificar, ao longo da história, quem foi o iniciador desse movimento que quase obriga as pessoas a investir exageradamente na aparência. 

Olhar atentamente para os galhos, não é nada exigente, não requer esforço. Dar-se conta de que o essencial está nas raízes, deixou de ser uma reflexão filosófica para tornar-se meta, objetivo, busca profunda. As raízes escondem o segredo, aquele algo a mais que os galhos não conseguem demonstrar. 

A superficialidade é atraente, aproxima do fascínio, cria padrões, determina gostos. Enquanto isso, as raízes fornecem a seiva necessária para restabelecer a paz e impulsionar a esperança. 

Quem permanece nos galhos está mais próximo da fragilidade. Não são poucos os galhos que se quebram com pequenos movimentos. 

As raízes são determinadas: buscam as profundezas, desconhecem barreiras. 

A grande maioria, que prova diariamente da insatisfação, ainda não se deu conta de que é possível chegar às raízes. 
A vida só é verdadeiramente vida quando experimenta o que vai nas profundezas do existir. O cansaço visita frequentemente quem fica nos galhos, isto é, na superficialidade. 
Bom mesmo é ir às raízes, melhor ainda é ter raízes.

Frei Jaime Bettega

sábado, 11 de junho de 2016

O DIA EM QUE EU MORRI…


Estranho? Nem tanto. Se depois de ler esse texto você achar que ainda está vivo, ótimo!

Caso contrário, é bom repensar se ainda existe algum sopro de vida aí dentro. Vou contar como tudo aconteceu.

A minha primeira parcela de morte aconteceu quando acreditei que existiam vidas mais importantes e preciosas do que a minha. O mais estranho é que eu chamava isso de humildade. Nunca pensei na possibilidade do auto abandono.

Morri mais um pouquinho no dia em que acreditei em vida ideal, estável, segura e confortável.

Passei a não saber lidar com as mudanças. Elas me aterrorizavam.

Depois vieram outras mortes. Recordo-me que comecei a perder gotículas de vida diária, desde que passei a consultar os meus medos ao invés do meu coração. Daí em diante comecei a agonizar mais rápido e a ser possuída por uma sucessão de pequenas mortes.

Morri no dia em que meus lábios disseram, não. Enquanto o meu coração gritava, sim! Morri no dia em que abandonei um projeto pela metade por pura falta de disciplina. Morri no dia em que me entreguei à preguiça. No dia em que decidir ser ignorante, bulímica, cruel, egoísta e desumana comigo mesma. Você pensa que não decide essas coisas? Lamento. Decide sim! Sempre que você troca uma vida saudável por vícios, gulodice, sedentarismo, drogas e alienação intelectual, emocional, espiritual, cultural ou financeira, você está fazendo uma escolha entre viver e morrer.


Morri no dia em que decidi ficar em um relacionamento ruim, apenas para não ficar só. Mais tarde percebi que troquei afeto por comodismo e amor por amargura. Morri outra vez, no dia em que abri mão dos meus sonhos por um suposto amor. Confundi relacionamento com posse e ciúme com zelo.

Morri no dia em que acreditei na crítica de pessoas cruéis. A pior delas? Eu mesma. Morri no dia em que me tornei escrava das minhas indecisões. No dia em que prestei mais atenção às minhas rugas do que aos meus sorrisos. Morri no dia que invejei , fofoquei e difamei. Sequer percebi o quanto havia me tornado uma vampira da felicidade alheia. Morri no dia que acreditei que preço era mais importante do que valor. Morri no dia em que me tornei competitiva e fiquei cega para a beleza da singularidade humana.

Morri no dia em que troquei o hoje pelo amanhã. Quer saber o mais estranho? O amanhã não chegou. Ficou vazio… Sem história, música ou cor. Não morri de causas naturais. Fui assassinada todos os dias. As razões desses abandonos foram uma sucessão de desculpas e equívocos. Mas ainda assim foram decisões.

O mais irônico de tudo isso?
As pessoas que vivem bem não tem medo da morte real.
As que vivem mal é que padecem desse sofrimento, embora já estejam mortas. É dessas que me despeço.

Assinado,

A Coragem

Fonte: Escrito por Lígia Guerra
https://osegredo.com.br

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Cuida de mim, mesmo que às vezes eu pareça não precisar


Cuida um pouquinho de mim, porque eu ando meio esquecida de como fazer isso.

Cuida um pouquinho de mim, mesmo que eu pareça não precisar.
Eu tenho esse jeito de quem dá conta de tudo. E dou conta de muita coisa mesmo. Só que não é de tudo, não. E muita coisa eu até posso dar conta, mas careço de algum gesto de carinho na alma. Porque tenho sido muito dura comigo, e o teu cuidado ajuda-me a amolecer um pouco quando eu mais preciso.

Diz-me que o meu cabelo está bonito, enrosca os teus dedos entre os fios e podes demorar-te à vontade, deixa eu saber que tu gostas de me dar carinho, porque gostas da textura que eu tenho, do meu cheiro e da temperatura de nós dois juntos.

Pergunta como foi o meu dia e se eu não disser muito, pergunta algo mais e continua com os olhos em mim, com aquele silêncio cheio de presença.

Quando eu estiver cansada abre os braços e convida-me para me aninhar.

Diz que viste algo que te fez lembrar de mim. Alguém que deu uma risada solta, uma folha leve a cair de uma árvore, uma música que tocou no rádio.

Traz aquele chocolate que eu amo, observa-me a fazer festa enquanto tu sorris e me dizes que só o trouxeste porque adoras ver-me assim.

Diz que vai ficar tudo bem, se eu acordar a chorar por um pesadelo que eu não sei explicar.

Podes ligar-me a meio do dia para me contares alguma história à toa ou só para ouvires a minha voz e deixares eu ouvir a tua.

Presta atenção no que eu digo e no que eu não digo, e conta-me de vez em quando que tu estás sempre aqui, ao meu lado, para me apoiar.

Quando eu estiver irritada, podes dizer-me que preciso respirar, que o jeito com que eu estou a levar as coisas não é o mais correto, traz-me para a realidade, porque às vezes eu viajo mesmo.

Dá um sorrisão para mim, dá a mão, dá o teu ombro, dá abrigo, dá o teu beijo, dá um cheiro e um abraço, dá silêncio e dá as tuas histórias.

Cuida um pouquinho de mim, porque eu ando meio esquecida de como fazer isso.

Porque mesmo que não pareça, há momentos em que tudo o que eu preciso é só de um gesto teu que me mostre que tu me vês, que estás comigo nessa e que eu posso ser quem eu sou. 

Porque, de verdade, há momentos em que eu me esqueço de oferecer isso para mim. 
Podes dar-me esse lembrete, levantar-me o queixo, suavemente, olhar-me nos olhos e relembrar-me o gosto bom do amor que vem de mansinho e nos aquece por dentro.

TEXTO DEPatrícia Lemos
http://www.sabiaspalavras.com

terça-feira, 7 de junho de 2016

DEIXEM-ME ENVELHECER


Deixem-me envelhecer sem compromissos e cobranças,

Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonita para alguém,

Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou,

Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada,

Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança,

Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam,

Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras,

Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem.

Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento,

Com a certeza que cumpri meus deveres e minha missão,

Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e refletir,

Ter amigos para compartilharmos experiências, conhecimentos,

Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos,

Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência,

Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas,

Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.

Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas,

Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido,

Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida,

Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim,

Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver,

Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida,

Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade,

Quero saber envelhecer, ser uma velha consciente e feliz!!!

Silvana Freygang