segunda-feira, 25 de maio de 2015

Que bom que existe o domingo!


Passos mais lentos... olhando um pouco mais longe. Sentindo gratidão! Que bom que existe o domingo! 
“E quando eu não sabia mais o que fazer, Deus sussurrou e disse: ‘confia em mim.’”

 A busca por soluções é intrínseca ao viver. De um lado para o outro, nos movimentamos e até nos agitamos. 
Mesmo não sabendo onde iremos chegar, vamos em frente. 
Viver é vencer etapas, alcançar metas, superar obstáculos. Contar somente com as próprias forças parece não ser o mais indicado. Em alguns momentos não se sabe mais o que fazer, nem o que pensar. Mesmo assim é preciso continuar respirando e acreditando numa possível saída. Por uns instantes, lá adiante, tudo se aquieta. 

Neste momento, Deus sussurra: ‘confia em mim.’ Uma força toma conta da existência. 
Uma luz expande seu brilho. 
Uma energia permite novos pensamentos. 
Algo se impõe: é preciso continuar. 

Quanto tempo perdido distante do amor de Deus. Muitos tentam caminhar sozinhos. Imaginam conquistar o mundo somente com as próprias forças. 
A fragilidade também interfere. Se somos portadores de uma grande fortaleza, carregamos igualmente deficiências. 

O certo é que Deus nunca deveria sair de cena. 
Confiar em Deus não pode ser a última opção, a tábua de salvação. Ter fé é abrir diante de si um leque de possibilidades. A fé não elimina as dificuldades e nem os sofrimentos. 

A espiritualidade é capaz de aumentar a própria resistência interior. 

Quem acredita em Deus continua caminhando, aguardando outros dias, novas chances. 

Deus não para de sussurrar em nosso ouvido. Aceita até nossas indiferenças. Se torna insistente pois sabe o quanto precisamos d’Ele. Chegou a hora de deixar de lado a teimosia. 

A confiança em Deus pode transformar o seu coração. Experimente o amor de Deus. A vida será totalmente diferente. Bênçãos! Paz e Bem! Santa Alegria. Abraço!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Mãe, senta aqui, me ouve um pouco




Tá na hora de você dar uma sossegada.

Mãe, pára um pouco. Dois minutinhos só. Sei que a ideia de parar não existe para você, mas eu tô pedindo. Baixa a frequência, senta no sofá, alguém cuida de todo o resto, vai por mim.

Eu sei que não importa quantos anos passem, você tem a eterna sensação de que é responsável por tudo. Pela sua vida, pela minha, pela dos que nos cercam, pelo seu trabalho, pelo meu trabalho, por tudo- inclusive o que está absolutamente fora do seu alcance.

Sei que não adianta eu te dizer que sou adulto, sei que você nunca vai aceitar a ideia de que já não está mais no comando.

Pois é, mãe. Mas o fato é que me flagrei adulto. Não só por causa do trabalho, das responsabilidades e cobranças. Me percebi adulto num certo dia perdido no passado. Dia em que engoli o choro para que você não visse. O dia em que disse em que estava tudo bem quando o peito estava cheio de fantasmas. O dia em que esperei você virar as costas para poder desmoronar.

Por quê? Porque eu sabia que, de um jeito ou de outro, as coisas se ajeitariam. E não ia ser através das suas mãos. Então, por que te preocupar? Por que te angustiar mais do que você já se angustia por conta própria?

Mãe, eu parei de depender da sua barriga, parei de depender do seu peito, parei de depender das mamadeiras quentinhas, parei de depender da ajuda no banho, parei de depender da sua carona.

Mas você nunca parou de se preocupar. Talvez se preocupe ainda mais agora, porque sabe que o voo é cada vez mais alto.

Você se lembra das centenas de vezes em que eu gritei “EU QUERO A MINHA MÃE!” quando era criança? Na verdade eu não queria. Eu precisava. Precisava do seu colo, do seu beijo na testa, do seu cafuné, do seu cheiro. Precisava, porque sem você não havia chão.

Hoje eu não preciso, mãe. Você já me ensinou a amarrar os sapatos, andar olhando pra frente, levantar das quedas, limpar as lágrimas, rir de mim mesmo e seguir em frente. Mais do que me ensinar, você foi o exemplo vivo disso.

Sério mãe, o mundo gira sem que você o empurre. E eu me viro sem que você perca o sono. Porque chegamos num ponto da vida em que eu perco o sono ao te ver sem dormir. Essa dinâmica já não faz mais sentido.

O famoso “eu quero a minha mãe!” é agora. Agora eu quero você. Mas quero você tranquila, ouvindo minhas histórias, mexendo no meu cabelo, rindo comigo, opinando, discordando. Não de peito apertado. Não suspirando pelos cantos achando que eu não vou encontrar o caminho certo. Eu vou. Você me deu o melhor mapa.

Aceite meu presente desse ano: uma relação de amor e de parceria, não mais de dependência, nem prática, nem emocional. Tanto minha quanto sua.

Meu presente, na verdade, é quase um pedido. Essa noite, mãe, deite a cabeça no travesseiro sabendo que está tudo bem. Que mesmo quando minha vida estiver dura, você não precisa ficar com os olhos arregalados, olhando para o teto buscando saída. Isso é comigo.

Você construiu uma pessoa com o que havia de melhor em você. Deu o que tinha e o que não tinha para me fazer feliz e sólido. E eu estou aqui, consciente da minha sorte e da minha força.

Olhe por mim, peça por mim, orgulhe-se de mim. Deixe-me ser de novo a luz dos seus olhos, como fui quando era um bebê sorridente. Não me iludo, achando que você vai parar de se preocupar. Sei que é impossível. Mas deixe-me hoje ser eu quem te abraça e te diz baixinho: está tudo certo.

*

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♥ Com um beijo de feliz dia das mães às mães de sangue, mães de coração, mães que estão do outro lado das nuvens (mas sempre por perto), pais que também são mães e às tantas madrastas que são o avesso dos contos de fadas, que cuidam e amam pessoinhas que decidiram abraçar como suas.

RUTH MANUS

A odisseia de dormir junto

Ô delícia.


Dormir junto. Definitivamente a melhor e a pior ideia que o ser humano já teve.

Melhor porque é um dos momentos de maior comunhão da vida. Há quem diga que dormir junto com alguém é um ato mais íntimo do que o próprio sexo. Eu não duvido. Partilhar nossas sagradas e escassas horas de sono com alguém é mesmo um ato de entrega, da mais profunda e sincera generosidade.

Por outro lado… Sério. Gente. Que ideia. Sério. Difícil. Muito difícil.

Tudo começa com o horário de ir deitar.

Às vezes um acaba cedendo ao sono do outro, por mais que esteja absolutamente disposto, animado e- o pior de tudo- falante. Deitam na cama. Um se ajeita no travesseiro, se cobre e fecha deliciosamente os olhos. Mas aí vem o Sem Sono e diz algo urgente do tipo “você viu que vai abrir um restaurante de comida indiana perto da casa da sua tia?”. O Com Sono tenta uma resposta do tipo “Ah é? Legal…”, enquanto se afunda um pouco mais no travesseiro. E o Sem Sono insiste “É, mas não sei se vai dar certo não porque os últimos dois restaurantes indianos que eu conheço acabaram fechando e…”. Pronto, tá na cara que não vai acabar bem. O Sem Sono acaba sem respostas, o Com Sono sem poder dormir.

Mas, por fim, o Sem Sono pára de falar e decide se ajeitar na cama. Um já está lá, paradinho, cochilando e o outro começa a procurar posição. Gira pra lá, gira pra cá, dá pirueta, parece um frango de padaria. Conforme ele gira, o que já cochila vai pulando por causa do balanço do colchão, quase como se estivessem numa cama elástica.

Mas pronto. Adormecem. Que bom. Até que um dos dois dá um daqueles bizarros trimiliques semi epiléticos e o outro quase enfarta de susto. Tudo bem. Passou. Dormem de novo.

De repente um deles acorda assustado com um barulho. Não sabe bem se é uma broca no vizinho, um leitão na varanda, um trator na rua ou o Godzilla na janela. Mas não é nada disso. É só aquela pessoinha amada tentando respirar. Inacreditável. A cada ronco até a estrutura do prédio treme. Uns 6,8 na escala de Richter. E é geralmente nessa hora que elas resolvem extravasar todo seu lado afetuoso, abraçando a outra pessoa bem pertinho só para roncar carinhosamente bem na orelha dela.

Superada (ou tolerada) esta dificuldade começam os problemas de termostato. Enquanto um transpira como se estivesse fazendo sauna no inferno, o outro puxa o edredom até o pescoço. E claro, o edredom é um só e acaba cobrindo também aquele coitado que está morrendo de calor, que acaba tentando escapulir uma perna e um braço para fora da cama. Nessas horas, ar condicionado e ventilador causam mais discórdia do que whatsapp de ex. E nas raríssimas vezes em que há harmonia de temperaturas, começa um tipo de cabo de guerra com a roupa de cama. Só sobrevivem os fortes.

Ainda tem aquelas maravilhas periféricas tipo um que baba no braço do outro, um que range o dente sem parar, um que solta frases non-sense durante a noite, um que levanta 5 vezes para fazer xixi, um que vai avançando no terreno alheio até quase jogar o outro no chão, o outro que bebe 6 litros de água durante a noite. Enfim, essas alegrias todas.

Mas os abraços noturnos compensam tudo. Especialmente quando um coloca o braço embaixo da orelha do outro, que começa a ficar quente e vermelha enquanto o braço formiga até o cotovelo travar de dor. No verão então, é uma maravilha. Você mal aguenta o contato com o lençol e recebe aqueles doces abraços de uma criatura cujo corpo está a 36 graus. Meu Jesus.

Para acordar, nada melhor do que um ter programado o despertador e na hora que toca ninguém saber o que está acontecendo. É o seu? É o meu? É a campainha? Até que um bate naquela porcaria e… Coloca na soneca. Dez minutos depois a porcaria toca de novo. E mais dez. E toca. Mais dez. Toca. Detalhe: são 6:40, sendo que o dono do despertador devia ter levantado às 6 e o outro coitado que já acordou 4 vezes só precisava levantar às 9.

Não é fácil.

Mas quando acaba toda essa saga, você olha para aquela pessoa na cama e acaba sorrindo. Não sabe bem por que, mas tem certeza de que aquilo tudo faz sentido: roncos, babas, trimiliques e tudo mais. Não tem jeito, aquela noite atrapalhada é mesmo boa. E por mais confortável que seja uma noite com a cama todo ao nosso dispor, sem disputas por espaço ou por lençol, fica faltando alguma coisa. Uma cama gostosa, inteira e cheia de travesseiros acaba se tornando uma cama vazia.

Coisas que só o amor explica.

RUTH MANUS