quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Desejo...


Que o amor não morra. 
Que o desdém e o descaso não vençam. 
Que haja sempre um sorriso novo, um motivo novo, um motivo bobo, um novo dia. 
Que detalhes – bons – tenham importância e sejam notados. Os ruins, que passem despercebidos. 
Que tudo que não acrescenta, seja eliminado, vire resto, papel rasgado. 
Que haja mais pores-de-sóis e sono com chuva. 
Que tenham mais amanheceres na praia, seja sol ou chuva. 
Que se perca o comodismo de ficar e que as caminhadas sejam cada dia mais longas. 
Que não se perca a vontade de estar junto, as brincadeiras infantis e guerras de travesseiro. 
Que se implique e se irrite muito. 
Que zoe, gargalhe, se exponha ao ridículo. 
Que dance desengonçadamente, que se faça caretas no espelho. 
Que a gente não se perca.
Nunca!

Maria Fernanda Probst

Casa sem espelho


Ando pensando demais nos outros e esquecendo de mim. 
Ando dando ouvidos demais aos outros e esquecendo do que meu coração diz. Estou começando a cansar dessas coisas que me trazem apenas uma paz momentânea, e esquecendo daquilo que me traz uma paz infinita. 
Ando meio cega, meio perdida, meio sem rumo. Apesar de sempre achar que estou conseguindo fazer o que eu quero fazer, mas meio que sem querer as coisas se desfazem, não se encaixam mais, se perdem. E então, eu percebo que tudo não passou de ilusão ou de coisinhas que uma típica sonhadora como eu costuma pensar. 

Ilusão, acho que é uma das únicas que não sei ao certo como explicar. Porque sempre que eu acredito que aprendi a não tropeçar nas minhas próprias palavras, vem alguém ou algo e me faz cair de novo. 
E então, percebo que por mais que eu aprenda no momento, eu desaprendo rápido também, e essas coisas começam a se tornar costume. 

Tropeçar e cair já virou um costume. Mas mesmo assim, não continuo no chão, eu me ergo, me levanto, eu sorrio, eu tento esquecer e continuar vivendo. 
Até o momento que eu caio de novo, mas eu me levanto de novo e de novo e de novo. 
Porque eu sei que em algum momento a felicidade irá ser verdadeira, por mais que demore, meus sonhos de felicidade um dia vão sorrir pra mim, e não estarão sorrindo apenas dentro do meu pensamento, eles estarão frente a frente comigo. E pra sempre. 

Não da maneira que sempre esteve, não da maneira que a falsidade estava. Quando minha felicidade plena chegar, estarei sorrindo para a realidade, e não apenas pros meus sonhos. 
Eu estarei vivendo meus sonhos, e não apenas tentando torná-los realidade. 
Eu estarei voando com os pés no chão, mas com a realidade e os sonhos de mãos dadas comigo. E é isso que eu quero. 

Quero viver em paz absoluta, quero sorrir sabendo que será verdadeiro. 
E não quero apenas me perder em falsas palavras de falsas pessoas que me fazem ter falsos sonhos que nunca se tornarão reais.

Letícia Nogara

sábado, 23 de novembro de 2013

Dizer o amor


Se você ama, diga que ama.
Não tem essa de não precisar dizer por que o outro já sabe.
Se souber, maravilha, mas esse é um conhecimento que nunca está concluído.

Pede inúmeras e ternas atualizações.
Economizar amor é avareza.
Coisa de quem funciona na frequência da escassez.
De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois.

É terrível viver contando moedinhas de afeto. 
Há amor suficiente. 
Há amor para todo mundo. 
Há amor para quem quer conectar com ele. 
Não perdemos quando damos, ganhamos juntos.

Quanto mais a gente faz o amor circular, mais amor a gente tem.
Não é lorota.
Basta sentir nas interações do dia-a-dia, esse nosso caderno de exercícios.

Se você ama, diga que ama. 
A gente pode sentir que é amado, mas sempre gosta de ouvir e ouvir e ouvir.
É música de qualidade. 
Tão melodiosa que muitas vezes, mesmo sem conseguir externar, sente uma vontade imensa de pedir: 
-diz de novo?

Dizer não dói, não arranca pedaço, requer poucas palavras e pode caber no intervalo entre uma inspiração, sem brecha para se encontrar esconderijo na justificativa de falta de tempo.

Sim, dizer, em alguns casos, pode exigir entendimentos prévios com o orgulho, 
com a bobagem do só-digo-se-o- outro disser, 
com a coragem de dissolver uma camada e outra dessas que a gente cria ao longo do caminho e quando percebe mais parecem uma muralha.

Essas coisas que, no fim das contas, só servem para nos afastar da vida. 
De nós mesmos. Do amor...
Se você ama, diga que ama.

Diga o seu conforto por saber que aquela vida e a sua vida se olhar amorosamente e têm um lugar de encontro.

Diga a sua gratidão. O seu contentamento...
A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe.

E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também passam ser ouvidas. 
Prepare surpresas.
Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas.

Reinaugure gestos de companheirismo. Mas não deixe para depois. 
Depois é um tempo sempre duvidoso. 
Depois é distante daqui. 
Depois é sei la´.

Ana Jácomo


domingo, 17 de novembro de 2013

Ofereço uma rosa


A quem me deu perfume,
A quem me deu sentido,
A quem só me fez bem.

Ofereço uma rosa,

Aqueles que sorriram comigo,
Aqueles que comigo partilharam
lágrimas,
Aqueles que souberam de minha
existência.

Ofereço uma rosa,

Aos nobres do sentir,
Aos ricos do viver,
Aos imperadores do amor.

Ofereço uma simples rosa,

Aqueles que simplesmente foram amigos,
Que ternamente fizeram do silêncio sair
sons,
Que cantaram comigo,
Que me olharam, e me sentiram.

Ofereço a minha rosa...


Autor desconhecido

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Não me culpe...


Não me culpe por não sentir amargura...
Isso não faz de mim menos intensa.
Tenho o amor como aliado
E dele, faço minhas revoluções.

E mergulho sempre profundo
Só que em águas limpas...

Outras armas...

As minhas disparam flores coloridas, vermelhas...
Que perfumam qualquer angústia.

Não me culpe...

Eu vejo a esperança de verde cor forte,
Eu acredito em céus azuis
E pássaros amarelos...

Deixe eu pintar o mundo com as minhas cores!
Quem sabe as borboletas renascem,
E o cinza brilha e se transforma em LUZ..."

Saulo Fernandes

sábado, 9 de novembro de 2013

Respirar a noite


Às vezes é preciso ir ver as estrelas, respirar a noite.
Sentir que nem tudo é aquilo que não queremos...olhar em frente e ter a certeza de que sabemos dirigir os passos que dermos no escuro.

As mãos geladas levam o medo, as pernas trémulas a angústia de não saber...
E o vazio espraia-se na pele de quem caminha sem vontade, como o ar pesado nas noites em que nos deitamos com o nó na garganta de quem não disse tudo o que tinha a dizer.
A certeza de que o amanhã será só mais um pôr-do-sol, só mais um arco-íris passageiro, uma corda de água que deixa a vida cinzenta. 
Porque às vezes é assim, temos que dar a pele à chuva e sentir o frio lavar-nos de tudo o que nos faz chorar. 
E ficar de olhar fixo num ponto longínquo, esperar pelas palavras que nem sempre vêm.
Permanecer naquele esquecimento precoce e sonhar com tudo o que desejamos em segredo.
Às vezes é preciso inspirar profundamente, aprender a querer um novo dia. 
É preciso saber respirar a noite para podermos acordar no dia seguinte e sermos capazes de sorrir.

desconheço a autoria

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Coisa que não se perde

Ombro que ampara. Sorriso que se doa. Colo que conforta. Palavra que se tem. Amizade. Tem coisa mais bonita?

Amizade pra dividir assunto, segredo, vida. 
Amizade que começa na infância, amizade que atravessa décadas, amizade colorida.
Tenho amigos que fiz na escola, na faculdade, no endereço antigo. Amigos que conheci através de cartas, amigos da internet.

Já confundi interesse com admiração. 
Já confundi amigo verdadeiro com amigo da onça. 
Já dei créditos demais a quem nem figuração merecia. 
Já quebrei muito a cara por confiar fácil e muito. E por abrir as portas de casa e do coração a quem quisesse entrar.

Mas o tempo, esse imprevisível senhor, descortina, ensina, explica e corrige tudo, ainda bem.

Hoje não. 
Hoje a reciprocidade é meu parâmetro. 
Hoje o cuidado, muito mais que o sorriso aberto - fácil e gratuito - é meu critério. 
Hoje preciso ser conquistada.

Aos meus leais amigos, dedico linhas, sorrisos, abraços, afeto e dias.
Infelizmente acontece com todo mundo: o correr das horas e as ofensivas imediaticidades não permitem a presença como em outros tempos. 

Mas amizade é isso. 

Perdoar e ser perdoada pela correria cotidiana impedir a frequência, a constância de amigos por perto.
Mas, por favor. Não vamos confundir ausência com indiferença. 
Não vamos justificar abandono com falta de tempo.

Amizade é pra ser usada e não guardada na gaveta das boas lembranças. 
A boa amizade é pra ser prezada, gasta e compartilhada. Perto ou longe. 

Afinal, alegar impossibilidade de contato em tempos de meios instantâneos de comunicação é, no mínimo, cara de pau.
Dentre as coisas mais verdadeiras que sempre leio e assino embaixo estão as concepções de que, quem ama cuida e quem quer, dá um jeito. 
Nisso, cabem cartas e e-mails pra encurtar distâncias, mensagens e telefonemas pra romper silêncios, e sempre que possível, encontros pra amenizar saudades.

É isso. A gente até pode perder o amigo de vista, mas há de se dar um jeitinho vez ou outra, que seja. Porque amizade é coisa que não se perde.
Erros e tropeços também cabem aqui. Como em toda e qualquer relação humana. 
E cabe também o refazer. 

Para tanto, a importância que cada um faz e dá a nossa vida, ditará quem permanece. 
E pra isso, não há disfarces, não há desculpas, não há emoções genéricas que substituam o sentimento. 

Também não há receitas. Pra amizade verdadeira só há uma recomendação: depois de cativar, cultive.

 Yohana Sanfer