sábado, 28 de setembro de 2013

Ensinamentos, impressões e questionamentos


Meu pai me ensinou que devemos aprender uma coisa nova a cada dia. E eu tento. 
Todos os dias me esforço para ser uma pessoa um pouco melhor. 
Quando acordo, logo penso: que eu seja melhor que ontem. Que minha cabeça esteja mais aberta, que meu humor esteja melhor, que eu não brigue por besteira, que eu não cometa os mesmos erros do passado, que eu tenha serenidade, que eu consiga vencer o dia, que eu saiba discernir o certo do errado. 
A minha parte, pelo menos, estou fazendo. Ou pelo menos tentando.

Me impressiono com quem não tenta. 
Tenho uma vizinha, que mora exatamente três andares abaixo de mim, bem bonita. Segundo o que dizem, é advogada e divorciada. Tem uma senhora que trabalha com ela diariamente. Há alguns dias, tivemos uma obra na minha sacada. Obra feita pelo condomínio. 
Os pedreiros tiveram todo o cuidado do mundo, colocaram uma lona, estavam trabalhando dentro do horário permitido e seguindo todas as normas de segurança. 
Menos de vinte e quatro horas depois do começo da obra, a tal vizinha foi ameaçar o síndico. Disse que podia processar o condomínio, o síndico, o zelador e toda a minha árvore genealógica. 
Para não arrumar confusão, os pedreiros foram até a sacada dela, fizeram a tal limpeza que ela pediu e me mostraram o "lixo" que estava incomodando a vizinha encrenqueira. Era um pó de nada. 
Não contente, ela bateu na minha porta e perguntou quando a obra ia chegar ao fim. 
Eu, calma e serenamente, respondi que terminaria em breve. E que se ela estava estressada, imagina eu, que tinha diariamente dois homens entrando e saindo da minha casa, sujando a minha sala e fazendo barulho enquanto tentava trabalhar. 
Ela seguiu discursando, fui perdendo a paciência e disse que a obra era do condomínio, que se ela quisesse reclamar com alguém deveria falar com o síndico. Soube, depois, que ela xinga todos os porteiros e a moça que limpa os corredores e elevadores do prédio.

Sou incapaz de maltratar uma pessoa. Incapaz. 
Ninguém tem culpa dos meus problemas e não posso jogar nos outros frustrações que são só minhas. 
Se eu quebrei a unha, estou com dor, se a conta está no vermelho, se briguei com o namorado, se pisei no cocô ou se a minha colega de trabalho é infernal ninguém tem nada a ver com isso. 
Não posso jogar no colo do outro uma culpa que não é dele. 
Falta paciência. 
Falta respirar fundo. 
Falta deixar pra lá o que merece ser deixado pra lá.

O porteiro do meu prédio merece um bom dia, boa tarde, boa noite, afinal, ele está fazendo o trabalho dele, ele não é meu empregado, meu servo, meu escravo, nem nada parecido. 
Ele é uma pessoa, assim como eu e merece ser tratado com respeito, bem como todas as outras pessoas do meu convívio. 
Não simpatizo com o zelador aqui do prédio, porém sempre sou educada com ele. 
Não fico de conversinha, não dou chocotone no Natal, não faço agrado, mas sou educada. 
Educação é o mínimo que uma pessoa merece receber da gente. O mínimo. 
E tem gente que esquece disso. 
Ou tem a memória curta. 
Ou a memória só funciona para o que a pessoa acha importante.

Tem um restaurante aqui ao lado e volta e meia vou ali buscar comida. 
As moças do caixa, o mocinho que fica na porta, os garçons, todos eles me conhecem. 
E eu sou legal com todos eles. 
Sempre que vou ali encontro uma moça carrancuda, que não cumprimenta ninguém. 
Todo mundo conhece ela também, mas ela não gosta muito de sorrir, o que é uma pena, pois ficaria bem mais bonita e seria mais feliz. 
Não entendo quem vive de mal com a vida, quem não gosta de interagir com o outro, quem não se esforça para fazer a vida ficar um pouco melhor. 
É tão bom sorrir e receber de volta um sorriso sincero. 
Não custa nada, não é dolorido, não arranca pedaço.

Hoje em dia é tão difícil ver alguém elogiando, dizendo uma palavra de carinho ou dando um sorriso cúmplice. 
Eu diria que é raridade. Em compensação, julgamentos, dedos apontados, críticas e reclamações nunca estiveram tão em alta. 
Que pena!
Falta mais sensibilidade, leveza e carinho no mundo. 
As pessoas esquecem que quando a gente abre os braços para o mundo ele abre os braços para a gente. 
E ainda nos abraça apertado.

Clarissa Corrêa

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O cacho de uvas


Um chefe de família ganhou um cacho de uvas, luzidias, frescas e exuberantes.
Imediatamente lembrou-se de oferecê-lo à sua mulher. 
Esta o colocou num lindo prato de porcelana rosáceo e, levando-o à mesa de refeições, entregou-o ao filho mais velho que, gentilmente, repassou-o à irmã caçula. 
Aninha sentiu-se tentada a degustar aquelas convidativas uvas roxinhas, mas devolveu-as ao pai, pois entre eles atitudes fraternas eram comuns. 
O rosto iluminado daquele senhor revelava que a alegria em recebê-lo de volta fora bem maior da que sentiu quando o ganhara pela primeira vez. 
Distribuiu as apetitosas uvas entre todos, dizendo que podemos partilhar e sermos generosos se esquecermos de nosso egoísmo.

Lembrei-me desta história antiga, transmitida pela tradição oral, de fundo religioso, quando podamos uma parreira, na lua nova do último agosto, época recomendada pelos mais velhos como a mais apropriada. 
A planta, da espécie das trepadeiras, de caule resistente, teve o excesso de ramos retirado, descartando-se os fracos, os curtos ou mal posicionados. 
....
Agora, nossa videira encontra-se sem folhas, com galhos secos, tronco retorcido, aparentando estar sem nenhuma vitalidade. 
O bonito é o que não se vê pelos olhos mas se intui pela experiência: ela guarda dentro de si a seiva que energizará seus ramos, com a chegada da primavera. 
Para o Natal, deverá estar transbordando de vigor, verdejante, totalmente coberta com folhas grandes, de cinco pontas, que sombrearão todo o espaço sob ela. 
Estará carregada de cachos de uvas pendentes, no auge da maturação, com sua inconfundível cor roxa, as bagas redondas, viçosas, talvez miúdas e não muito doces, mas atraentes e saborosas. 
Não mais um único cacho para ser repartido na família, mas inúmeros deles, dispostos em louça antiga, de origem italiana. 
.....
 Reunidos à mesa, todos poderão saborear as deliciosas e aromáticas uvas, sem esquecer de que há mais prazer em dar do que em receber.

Nossas Letras/ Letras, Arte e Cia / Maria Rita Liporoni Toledo

                               

domingo, 22 de setembro de 2013

Feliz semana!


" A felicidade é um dom, que todo mundo precisa ter, todo mundo recebeu,

é aquela velha pergunta:

- O que é que você esta fazendo com a seu dom de ser feliz ?

Está gastando a vida onde?

Está gastando a vida de que forma?

Está fazendo da vida uma experiência que vale a pena ou não?

Hoje é dia...  hoje é dia de reafirmar o seu compromisso com a sua felicidade, com sua realização.

Conceito de felicidade é muito mais, é muito mais do que nós podemos imaginar...

Conceito de felicidade está diretamente ligada a realização, realizado inteiro; por isso, tem que andar mais

devagar, porque na pressa você pode perder o dom de ser feliz" .


Pe. Fábio de Melo

Hino de amor à Primavera


A Primavera está chegando,
A todos encantando,
Deixando enternecidos os corações,
Fazendo-os transbordar 
Das mais puras emoções!

A Primavera é a veste de gala
Da mãe Natureza, 
Alegrando-nos com a sua beleza,
Agora nova, enriquecida,
Dando cor à nossa Vida!

Extasiados, reverenciamos,
Cada grande ou pequenina flor,
Dessa vestimenta bendita,
Quando permitimos ao nosso olhar
Deter-se e apreciar,
Até onde nossa alma consegue
Deixar-se encantar!

A Primavera é de Deus Sua alegria
Contagiando toda a terra!
As aves inquietas entoam melodia
Que nos põem em sintonia
Com acordes celestiais!
É de Deus Sua mais pura essência
Que perfuma o ar, impregna, contagia
Tudo, humanos, coisas e animais...
A Primavera é de Deus Sua energia
Forte, vibrante, colorida
A nos envolver de Luz Amor e Paz!!!

 
Eri Paiva

Flores


Das mais variadas cores e formas, a mãe natureza nos doa diariamente seu amor.
Em cada flor, o seu beijo matinal.
Olhamos e não avaliamos o quanto uma roseira quer nos ofertar. Olhamos e achamos bela.
Mas belo é tão pouco, em relação ao muito que as plantas podem nos passar.
Infelizmente, acostumados que estamos a ver o lado prático das coisas, vemos a utilidade de uma roseira dar rosas, de uma quaresmeira dar flores, do lírio dar lírios. Assim, com a mesma naturalidade com que visualizamos a objetividade das ações dos outros para conosco.
Quando paramos e nos detemos mais em uma flor, já a mentalizamos em nosso jardim.
Por que não mentalizá-la no nosso jardim interior e, ao menor desejo, sacá-la do inconsciente e vivenciá-la como se a estivéssemos vendo pela primeira vez?
Flor, beleza.
Flor, poesia.
Flor, alegria.
Pense em sua vida como uma flor.
Procure observá-la e admirá-la sempre, para que você possa buscá-la e encontrá-la sempre. Sempre que as direções se cruzarem, sempre que o rastro dos caminhos se apagarem para si.
Não há sofrimento maior que sentir a solidão de não ter sensibilidade suficiente dentro de nós, para contemplar uma flor.

Flor,

Deixe uma brotar dentro de você.
Paz!

Arthur

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Saber medir as nossas palavras


Estávamos os três a tomar uma cerveja. A esplanada, quase vazia. 
Depois de um dia extenuante de trabalho, logicamente, o cansaço fazia-se notar. 
De repente, um deles fez ao outro uma pergunta indelicada, com uma certa ironia e até violência. Mais do que perguntar, parecia que estava a brincar com uma atitude que não entendia. 
Instintivamente, fiquei à espera de uma resposta à altura das circunstâncias. Mas ela não veio. Pelo contrário, a contestação foi cordial e sem azedume.

Fez-me pensar. Aquela pessoa levava consigo o seu próprio ambiente. Um ambiente que não dependia de circunstâncias nem de provocações. 
Podendo fazê-lo, por uma questão de “estrita justiça”, não tinha devolvido o mal com o mal. Demonstrava com isto um senhorio de si próprio fora do comum. 
Ao outro só restavam duas opções: pedir desculpas pelo modo como tinha abordado o assunto ou fingir que nada tinha acontecido. 
Escolheu esta última por ser a mais cômoda, e, pensava ele erradamente, a menos humilhante. 
Que diferença tão grande de nível humano em duas pessoas com a mesma profissão.

O meu amigo cordial tinha um tom humano impressionante. 
Um tom que facilitava o relacionamento mútuo, que fazia com que os outros se sentissem bem ao seu lado. Sabia estar com todos. Irradiava à sua volta um ambiente agradável, de profunda dignidade. Oferecia uma amizade sincera, sem ocultar a sua identidade de cristão coerente por medo a ser rejeitado. 
E foi devido a essa sua coerência que a pergunta irônica tinha surgido. 
Ao fazer-lhe ver a minha admiração pelo modo como tinha atuado, respondeu-me: “não há caridade sem respeito, e não há respeito se não sabemos medir as nossas palavras”.

Saber medir as nossas palavras. 
Quantas vezes ferimos os outros porque não sabemos medir as nossas palavras. 
E isso não é hipocrisia nem falta de sinceridade. 
É simplesmente respeito. 
É capacidade de nos pormos na situação dos outros e descobrir que não gostaríamos que nos falassem assim. 
Dizer o que pensamos sem pensar no que dizemos, geralmente, é uma atitude bastante irresponsável. 
É como atirar uma pedra pela janela sem preocuparmo-nos com os estragos que possa provocar.

Cuidar o modo como dizemos as coisas também não é algo superficial. 
Quantas vezes, tendo alguma razão, a perdemos não por aquilo que dizemos, mas pelo modo como o fazemos. 
Quase tudo depende da forma de dizer as coisas. 

Há muitos modos de dizer a mesma coisa e, habitualmente, não é necessário tornar a verdade antipática a ninguém. 
A verdade é como uma flor. Não é a mesma coisa oferecê-la a alguém ou atirá-la à sua cara. 
A segunda atitude não é mais sincera, ainda que muitas pessoas nos tentem convencer do contrário.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Tempo é ternura



Viver tem sido adiantar o serviço do dia seguinte. No domingo, já estamos na segunda, na terça já estamos na quarta e sempre um dia a mais do dia que deveríamos viver. Pelo excesso de antecedência, vamos morrer um mês antes.

Está na hora de encarar a folha branca da agenda e não escrever. O costume é marcar o compromisso e depois adiar, que não deixa de ser uma maneira de ainda cumpri-lo.

Tempo é ternura.

Perder tempo é a maior demonstração de afeto. A maior gentileza. Sair daquele aproveitamento máximo de tarefas. Ler um livro para o filho pequeno dormir. Arrumar as gavetas da escrivaninha de sua mulher quando poderia estar fazendo suas coisas. Consertar os aparelhos da cozinha, trocar as pilhas do controle remoto. Preparar um assado de 40 minutos. Usar pratos desnecessários, não economizar esforço, não simplificar, não poupar trabalho, desperdiçar simpatia.

Levar uma manhã para alinhar os quadros, uma tarde para passar um paninho nas capas dos livros e lembrar as obras que você ainda não leu. Experimentar roupas antigas e não colocar nenhuma fora. Produzir sentido da absoluta falta de lógica.

Tempo é ternura.

O tempo sempre foi algoz dos relacionamentos. Convencionou-se explicar que a paixão é biológica, dura apenas dois anos e o resto da convivência é comodismo. Não é verdade, amor não é intensidade que se extravia na duração.

Somente descobriremos a intensidade se permitirmos durar. Se existe disponibilidade para errar e repetir. Quem repete o erro logo se apaixonará pelo defeito mais do que pelo acerto e buscará acertar o erro mais do que confirmar o acerto. Pois errar duas vezes é talento, acertar uma vez é sorte.

Acima da obsessão de controlar a rotina e os próximos passos, improvisar para permanecer ao lado da mulher. Interromper o que precisamos para despertar novas necessidades.

Intensidade é paciência, é capricho, é não abandonar algo porque não funcionou. É começar a cuidar justamente porque não funcionou.

Casais há mais de três décadas juntos perderam tempo. Criaram mais chances do que os demais. Superaram preconceitos. Perdoaram medos. Dobraram o orgulho ao longo das brigas. Dormiram antes de tomar uma decisão.

Cederam o que tinham de mais precioso: a chance de outras vidas. Dar uma vida a alguém será sempre maior do que qualquer vida imaginada.

Fabrício Carpinejar

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O que é Amor?

Esta foi uma pesquisa feita por profissionais de educação e psicologia 
com um grupo de criançasde 4 a 8 anos.


• “Quanto minha avó pegou artrite, ela não podia se debruçar para pintar as unhas dos dedos do pé. Meu avô, desde então, pinta as unhas para ela. Mesmo quando ele tem artrite”. Rebecca, 8 anos

• “Eu sei que minha irmã mais velha me ama, porque ela me dá todas as suas roupas velhas e tem que sair para comprar outras”. Lauren, 4 anos

• “Amor é como uma velhinha e um velhinho que ainda são muito amigos, mesmo se conhecendo há muito tempo”. (Tommy, 6 anos)

• “Quando alguém te ama, a forma de falar seu nome é diferente”. Billy, 4 anos

• “Se você quer aprender a amar melhor, você deve começar com um amigo que você não gosta”. Nikka, 6 anos.

• “Há dois tipos de amor, o nosso amor e o amor de Deus, mas o amor de Deus junta os dois”. Jenny, 4 anos

• “Amor é quando mamãe vê o papai suado e mal cheiroso e ainda fala que ele é mais bonito que o Robert Redford”. Chris, 8 anos

• “Durante minha apresentação de piano, eu vi meu pai na plateia me acenando e sorrindo. Era a única pessoa fazendo isso e eu não sentia medo”. Cindy, 8 anos

• “Amor é quando você fala para um garoto que linda camisa ele está vestindo e ele a veste todo dia”. Noelle, 7 anos

• “Amor é quando seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você deixa ele sozinho o dia inteiro” . Mary Ann, 4

• “Quando você ama alguém, seus olhos sobem e descem e pequenas estrelas saem de você”. Karen, 7 anos

• “Deus poderia ter dito palavras mágicas para que os pregos caíssem do crucifixo, mas ele não disse isso. Isso é amor”. Max, 5 anos.

Prof. Felipe Aquino

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A vida e o amor...


A inteligência sem amor, te faz perverso.
A justiça sem amor, te faz implacável.
A diplomacia sem amor, te faz hipócrita.
O êxito sem amor, te faz arrogante.
A riqueza sem amor, te faz avaro.
A docilidade sem amor te faz servil.
A pobreza sem amor, te faz orgulhoso.
A beleza sem amor, te faz ridículo.
A autoridade sem amor, te faz tirano.
O trabalho sem amor, te faz escravo.
A simplicidade sem amor, te deprecia.
A oração sem amor, te faz introvertido.
A lei sem amor, te escraviza.
A política sem amor, te deixa egoísta.
A fé sem amor te deixa fanático.
A cruz sem amor se converte em tortura.
A vida sem amor...... sem amor ela não tem sentido... não se pode dizer que é "VIDA"!

Comentário:

Para amar é preciso estar disponível.

Se alguém o procura com frio, é porque sabe que você tem o cobertor.
Se alguém o procura com lágrimas, é porque sabe que você tem palavras de conforto.
Se alguém o procura com dor, é porque sabe que você tem o remédio.
Se alguém o procura com fome, é porque sabe que você tem alimento.
Se alguém o procura com dúvidas, é porque acredita que você tem a orientação que ela precisa.
Se alguém o procura com desânimo, é porque acredita que você tem fé.

Ninguém chega por acaso a você!

Prof. Felipe Aquino

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Primaverando


Pouco importa em que fase da vida estejamos. 

As estações que se renovam nos dão a sábia oportunidade 
de encontrarmos novas razões de viver e encantamento 
pelas coisas simples que tecem a vida. 

Primavera não é apenas tempo de borboletas, trinados de
pássaros, desabrochar de flores. É a estação para ressuscitar
sonhos, esquecer dissabores e estar atentos a novos amores.

É tempo também de abrir janelas e deixar que entrem por elas, mais vida, mais luz... 

E por que não, tempo de transformar textos, de dar 
um toque de prosa no que deveria ter sido poesia ?! 

Primavera chegando ... 

Já experimentou usar flores e folhas para pintar? 

Convidar crianças para entrar na brincadeira? 
Vai estragar o jardim ? 

As flores duram alguns dias, muito tempo dura 
a amizade, o aprendizado, a alegria! 

Hei! Estação nova chegando! Vamos lá! Na primavera, 
que tal mudar a forma de pintar ? 

É isso mesmo! Sugiro aproveitar pétalas de flores, folhas, 
vegetais, terra e outras cores naturais, fáceis de encontrar. 

Recolha também juras de amor sob a lua cheia, 

mãos entrelaçadas de namorados a caminhar na areia! 

Resgate sonhos antigos, planos e ilusões, até! 

Experimente uma iluminada ideia, com toques de fé! 

Junte fragmentos de angústia, cacos de dor 

e dê realce à pintura, com cores complementares! 

Pegue aqueles tons suaves de ternura e paz, 

algum filete de fonte cristalina que a sede desfaz! 

Vá com calma, construa seu caminho com arte, 

as pegadas serão seguidas, mesmo que em parte! 

Solte a voz, cante para o sol, mesmo desafinado. 

Poderá acompanhar você, um coral, em trinados! 

Plante sementes de alegria, vida e esperança! 

Perdoe, é possível, e ajude a curar lembranças. 

Quem sabe, uma poda aqui, outra ali, faz parte... 

Tudo com carinho e um pouco de arte! 

Vamos lá, mude a forma de pintar ! 

Que tal, uns riscos e rabiscos de poetar ? 

Poema-primavera, para mim, é assim: 

Uma braçada multicor de belas flores, colhidas no jardim 
e nas estradas da vida, que se vai contemplando e ajeitando. 
No desejo de que fique o mais correto, envolvemos 
amores e flores com fitas generosas de cuidados e afeto. 

Texto de Ir. Zuleides Martins de Andrade, ASCJ


domingo, 15 de setembro de 2013

Uma estrada só sua


Há uma estrada cujo único dono e senhor é Você: é a Estrada do Seu Pensamento.

Nela você também é o único vigilante rodoviário. Você tem se aplicado algumas merecidas multas? 
Note que a Estrada do Seu Pensamento pode ser percorrida do jeito que você quiser escolher. 

Nela, as placas de sinalização é você quem faz e elas sempre o levarão para onde você deixar.

Perceba que lombadas e valetas também são colocadas por você, portanto você é o único responsável pelo conforto ou desconforto de suas "viagens".

Você pode escolher as paisagens: árvores verdes e viçosas ou troncos secos e cheios de cupins. 
Poderá, ainda, entrar por túneis ricamente iluminados ou pelos escuros e sombrios, pondo-se à mercê de atropelamentos, trombadas e graves acidentes.

Nela há também os passantes que é você quem escolhe, e eles poderão acompanhá-lo em suaves e repousantes passeios ou encher seu caminho das mais variadas pontiagudas e perigosas pedras.

Observe as retas, as curvas, os atalhos, as bifurcações e os bloqueios que é você mesmo quem coloca.

A Estrada do Seu Pensamento não é de mão única e você pode retornar sempre que decidir. 
Lembre-se que há pontos onde pode começar a insanidade ou a verdadeira saúde mental, a tristeza ou a alegria, a bênção ou a maldição, um recomeço, uma Nova Vida ou a queda para um amargo fim.

Aonde você quer chegar? Há todo tipo de operários nessa estrada, mas você é o Chefe!

Silvia Schmidt


Humana...


Já não quero ser grande, forte, inatingível.
quero ser, por hora, de um tamanho que
eu ainda me reconheça, que ainda saiba
me encontrar no passado ou um dia no futuro.

Quero ser humana, quero ser carne e osso,
quero sentir, quero tocar... quero poder
ser isso que sou na medida qualquer do tempo,
estar sempre pronta a me recompor das tempestades;

Não devo estar tão errada...

Há tanta água no oceano que se deixa evaporar
pelo único prazer de voltar a ser uma gota de chuva.

Cáh Morandi

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Fragmentos - Martha Medeiros

 


Quando sentávamos lado a lado em algum lugar para apreciarmos uma paisagem ou para lermos um livro ou simplesmente para batermos um papo, eu achava que tinha morrido e ido para o céu.

***

É a pior morte, a do amor. Porque a morte de uma pessoa é o fim estabilizado, é o retorno para o nada, uma definição que ninguém questiona. A morte de um amor, ao contrário, é viva. O rompimento mantém todos respirando: eu, você, a dor, a saudade, a mágoa, o desprezo - tudo segue. E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes. É a morte experimental: um ensaio para você saber o que significa a morte ainda estando vivo.

***

Mas, por ora, não existe futuro, não existe passado, não existe o tempo, eu olho a chuva pela janela e ela existe lá fora, eu não existo aqui dentro.

***

Deixe de colocar sua felicidade na mão dos outros. Comece um caso de amor consigo mesmo.

***

Simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera.

***

Meu mundo se resume a palavras que me perfuram, a canções que me comovem, a paixões que já nem lembro, a perguntas sem respostas, a respostas que não me servem, à constante perseguição do que ainda não sei.

***

A verdade é que o que dizemos não tem tanta importância. Para saber quem somos, basta que se observe o que fizemos da nossa vida. Os fatos revelam tudo, as atitudes confirmam. O que você diz - com todo o respeito - é apenas o que você diz.

***

Em tempos em que quase ninguém se olha nos olhos, em que a maioria das pessoas pouco se interessa pelo que não lhe diz respeito, só mesmo agradecendo àqueles que percebem nossas descrenças, indecisões, suspeitas, tudo o que nos paralisa, e gastam um pouco da sua energia conosco, insistindo.

***

Eu merecia um prêmio pela bofetada que fingia não estar levando.

Martha Medeiros

Tudo passa? Nada passa!


A garota está sofrendo o diabo porque brigou com o namorado e mãe consola com a frase de sempre: vai passar.
O garoto levou bomba no vestibular e o melhor amigo diz: na próxima vez você passa.
Analisando superficialmente, é verdade, a dor,um dia,cessa.Mas não se iluda: ela não bateu as botas, está apenas cochilando.

Tudo passa? Nada passa!. É isso que ninguém tem coragem de nos dizer.

A dor da perda, a dor de fracassar, a dor de não corresponder a uma expectativa, a dor de uma saudade, a dor de não saber como agir, de estar perdida, instável, de ter dúvidas na hora de fazer uma escolha... todas estas dores, que parecem pequenas para quem está de fora, nos acompanharão até o fim de nossos dias.

Elas não passam.
Elas ficam.
Elas aninham-se dentro da gente, o que não deve servir de motivo para pularmos uma ponte.

Mario Quintana escreveu que nós somos o que temos e o que sofremos, sem dor, sem vida interior. Não passam as dores,também não passam as alegrias. 

Tudo o que nos fez feliz ou infeliz serve para montar o quebra-cabeça da nossa vida, um quebra-cabeça de cem mil peças. 
Não há nenhuma peça que não se encaixe.Todas são aproveitáveis.
Como são muitas,você pode esquecer de algumas e a isso chamamos de ”passou”. 
Não passou...
Está la dentro meio perdida, mas quando você menos esperar, ela será necessária para você completar o jogo e se enxergar por inteiro. 
 
"Nada Passa!" 

Martha Medeiros.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Pano de fundo


Ainda acho amadurecer uma das melhores coisas da vida. A gente olha pra trás e vê que já não é tão bobo. Tão empolgado. Tão inocente (embora inocência seja parte essencial da vida pra gente não se deixar endurecer), mas não aquela que faz a gente falar demais, demonstrar demais, ser impulsivo demais....É...crescer é muito bom.

A gente fica mais firme, mais forte, se conhecendo mais.
A gente já não faz tempestade num copo d'água, já não acha que tudo é definitivo, já não se apaixona pra adoecer. Fica mais desconfiada.
Já não se empolga pra mudar de cidade, emprego e vida por causa de um amor. 
A gente agora quer uma via de duas mãos. Quer amor com identidade, endereço fixo e segurança. (De preferência na mesma cidade). 
Descobre que, fora a morte, pra todo o resto tem jeito nessa vida. Já não acha mais que não pode viver sem aquela pessoa. 
A gente acha mais importante não se perder da gente mesmo. Já sabe que nossos amigos têm a vida deles e a gente a nossa. Aprende a respeitar espaços. Aprende que a vida não tem que acontecer já. Às vezes é depois...

A gente para de morrer se as coisas não dão certo. 
Aprende o valor de certas coisas, como um beijo e uma boa companhia. 
Aprende a só chorar se for importante, aprende a sorrir sem reservas, a viver sem se cobrar. 
Deixa aquelas paranoias dos vinte de lado. Aquela vontade de correr pra não-sei-o-que. 
Se perdoa pelos erros do passado. Fica mais esperta, mais sábia, mais segura e mais seletiva. 
A gente até fica mais bonita e (sem espinha!). 
A gente já não quer contar aos quatro ventos quando tem alguém novo balançando o coração da gente. 
A gente aprende a guardar o melhor. 
Esperar o melhor, e se tiver que dar certo, bônus pra gente. Sem buscar perfeição, a gente aceita os defeitos e faz uma limonada com eles.

Há quem diga que se perde isso ou aquilo com o tempo. Eu já acho que ganhei mais do que perdi com ele. Existem coisas na vida que melhoram extremamente com o tempo. 
É bom viver sem tanta cobrança. 
É bom deixar pra lá o que nos ensinaram para ter uma vida perfeita. Não é por que já nascemos com um roteiro de vida prontos que precisamos segui-lo. 

Não existe idade pra ser feliz. Porque a gente nunca se conhece inteiramente, mesmo passando dos 20, dos 30 ou dos 50. 
Estamos sempre definindo o que queremos. O que vamos ser. Seremos sempre alguém aprendendo a viver. 

A idade de começar de novo nunca passa. Porque pro amor não existe idade, nem pra beleza , nem pra felicidade. 
O que existe é um novo jeito de olhar a vida, um encantamento com ela, um jeito diferente e mais flexível de caminhar, resiliente eu diria. 
E ser feliz é aprender a ler as linhas do próprio coração. Preencher os próprios vazios. Nos livrar do que não nos faz bem. 
É fazer o que a gente gosta e viver bem com a gente mesmo. Mesmo que tudo mude sempre, só não podemos esquecer nunca, é de renovar quem somos por dentro.

Dri Andrade

sábado, 7 de setembro de 2013

Das mudanças


O homem santo reuniu os seus amigos: “Estou velho”, disse ele.

“E sábio”, respondeu um dos amigos. “Sempre te vimos rezando durante todo este tempo. O que conversas com Deus?”

“No começo, eu tinha o entusiasmo da juventude: pedia a Deus que me desse forças para mudar a humanidade. Aos poucos, percebi que isto era impossível, então passei a pedir a Deus que me desse forças, mas para mudar quem estivesse à minha volta”.

“Agora já estou velho, e a minha oração é muito mais simples. Peço a Deus o que devia ter pedido desde o começo”.

“O que pedes?”, insistiu o amigo.

“Peço para que consiga mudar a mim mesmo”.

Paulo Coelho

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Uma borboleta e o tempo…

“Quem tenta ajudar uma borboleta a sair do casulo a mata.
Quem tenta ajudar o broto a sair da semente o destrói.
Há certas coisas que têm de acontecer de dentro para fora.”
Rubem Alves

Às vezes fazemos pelo outro mais do que deveríamos. É claro que a bondade e a disponibilidade são virtudes das mais belas, mas temos que ter junto a sabedoria para discernir até onde devemos ir. 
Fazer tudo pelo outro pode torná-lo infantil, frágil, impotente e irresponsável por seus próprios atos.

Obstáculos, dificuldades e sofrimento fazem parte da vida. 
Todos eles, quando aceitos e enfrentados trazem crescimento. 
Ser feliz não é não ter problemas e sim enfrentá-los sem perder a estrutura. Algumas dificuldades são verdadeiros presentes.

Então vamos à história da borboleta:

“Um dia, uma pequena abertura apareceu em um casulo. Um homem sentou-se e passou a observar a borboleta que, por várias horas, se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco. 
Então, em certo momento, pareceu que ela parou de fazer qualquer progresso, parecia que ela tinha ido o mais longe que podia e não conseguia mais continuar nessa sua missão de deixar o seu casulo.
Então o homem decidiu ajudar a borboleta. 

Ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. 
A borboleta então saiu facilmente, mas seu corpo estava murcho, era pequeno e tinha as asas amassadas, atrofiadas. 

O homem então continuou a observar porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo, que iria se afirmar a tempo. 

Nada aconteceu. Na verdade, a borboleta passou o resto de seus dias rastejando com um corpo murcho e as asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. 

O que o homem, em sua gentileza, em sua vontade de ajudar, não compreendia, era que o casulo apertado e o esforço necessário para a borboleta passar através de sua pequena abertura, era o modo com que a natureza agia para que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de modo que ela estaria pronta para voar, uma vez que estivesse livre do casulo.”

                                  

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Para hoje....


Para hoje quero a certeza de que não haverá limites para sonhar.... 

Que a gente possa se reinventar, recomeçar, 

que a gente tenha coragem para mudar o caminho quando precisar, 

que a gente saia do lugar, 

que a gente se aventure, 

que a gente aproveite os pequenos momentos 

e que a gente descubra sempre o quanto somos capazes de fazer o bem.... 

Sobretudo, que a vontade de abraçar a vida nos inunde a todo instante 

e a esperança nunca nos abandone..."

Adaptação do texto de Marcely Pieroni

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Antinatural


Muitas vezes é necessário avançar na direção oposta para atingir o objetivo final. 
O movimento natural dos nossos sentidos é fluir para fora, encontrar os objetos do mundo e interpretá-los com a ajuda do pensamento. 
Nessa direção chegamos quase sempre a três conhecidos lugares comuns: o lugar do desejo e do querer, o lugar da rejeição ou repulsa ou ao lugar da resignação. 

Vivemos, quase sempre, fechados nesse triângulo: eu quero, não quero, não há nada que eu possa fazer. Muitas vezes, respondemos de três maneiras diferentes para o mesmo fato, dependendo do dia, lugar, hora ou estado emocional. Por exemplo, posso um dia louvar a chuva que cai porque me refrescou, outra vez, indignada, reclamar de sua presença porque atrapalhou meus planos e posso me sentir impotente para revelar sentimentos frente a um fato que só cabe à natureza resolver.

“Remar contra a maré” é uma expressão popular que nos leva a suscitar a força que está escondida e acomodada. 
Nossos sentidos foram treinados na voracidade de, a toda hora e momento, julgar, interpretar e justificar. Esse mundo tão cheio de chamados nos diz que é preciso nos posicionar e ter uma boa opinião formada sobre todos os assuntos. 
Vamos nos perdendo nas palavras, na defesa das ideias e, aos poucos, nos tornamos reféns do ter que falar, ter que fazer, do ter que saber. Ir contra tudo isso é uma atitude antinatural, mas seria, quem sabe, descobrir a nossa força maior que reside no observador que vê o fato sem desejo, repulsa ou julgamento. 

Simplesmente dizer: Está chovendo. 
Quase nunca conseguimos esse olhar calmo e tranqüilo. 
Se estamos na natureza, ouvindo o som dos pássaros, quase sempre nossa mente tagarela se intromete e já fala: Que canto bonito! Que passarinho será esse? 
Se conseguíssemos apenas ouvir e deixar a beleza do canto penetrar profundamente em um lugar silencioso em nós... 

Deixar o canto cantar dentro do nosso ser... 
Observar sem perguntar, evitar nomear , apenas olhar, sentir e ouvir. 
Conseguirmos acompanhar o pôr-do-sol e saudá-lo com um olhar brando e receptivo, sem necessariamente usar palavras para definir. 
Esse contínuo falar, esse incessante desejo de controlar por meio da descrição, da interpretação e da conceituação, nos rouba grande parte do aroma, do sabor e da beleza da vida. 
Recolher os sentidos seria fazer como uma tartaruga que recolhe a cabeça, a cauda e as quatro patas para dentro do casco. 
Olhar para dentro um pouco, domesticar a mente barulhenta.

Isso não seria chato demais? E como pode uma pessoa que escreve e usa as palavras dizer que o silêncio é melhor? 
Penso que a resposta para essas questões consiste em experimentar essa via antinatural e descobrir que, na verdade, ela restaura sabores, texturas e perfumes que redescobrem o frescor da infância. 
Nesse caso, o menos é mais. Enquanto nossos sentidos, treinados avidamente a ir sempre para fora, continuarem nos obrigando a uma tarefa taxionômica infindável, nunca teremos um momento só nosso. Visualizei esse caminho no verso de um poema : “Como a rosa que se fechasse em botão novamente”. Isso é antinatural, mas vai nos levar a visitar lugares novos e desconhecidos que nos habitam.


Jane Mahalem