terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Arreda, 2013!


Mineiro que é mineiro, quando quer apartar, remover alguma coisa de um lugar para outro, diz “arreda”. 

Passagem de ano, então, é arredar o ano que passou a fim de dar espaço para o outro que chegou, de acordo com o nosso calendário. Arredamos 2013. 
Resta, agora, encarar 2014. Provavelmente será um ano igualzinho ao anterior. Mais um ano feito de dias, porém dias que se repetem sem serem ameaçados pela repetição. 

Os dias, na verdade, são iguais. Mas nós fazemos alguns deles mais festivos, de acordo com a nossa cultura e, sobretudo, conforme o nosso estado de espírito: realizando viagens, apreciando paisagens, comemorando a efeméride humana. 
Consumimos, assim, o bolo da vida, datando cada fatia em dia, mês e ano. 

Para Carlos Drummond de Andrade, quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Indivíduo que, continua Drummond, industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão: doze meses dão para qualquer pessoa se cansar e entregar os pontos. 

Aí, entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante tudo vai ser diferente.

Eh! Se você pensa como Roberto Carlos, daqui pra frente tudo vai ser diferente, você tem que aprender a ser gente. 
Seu orgulho não vale nada. Nada! Nada! Essa, uma boa dica para começar o ano: nosso orgulho não vale nada. Nada! Nada!...

Um amigo meu, holandês, me disse que, para ele, na terra onde ele nasceu, a Torre de Epe, no meio da floresta de pinheiros natalinos, é símbolo de que, para os homens de boa vontade, tudo aponta para o alto. 

Desejar feliz ano-novo é desejar ano bom. 
E ano bom significa poder dizer boa-noite, toda noite, em casa, de boa vontade, o ano inteiro. 
De novo ele, Carlos Drummond, acredita que este mundo pode mudar, para ser do jeito que Deus desejou: sinal do seu reino entre nós. 

Então, venha a nós o vosso reino! Feliz 2014!

Prof. Antônio de Oliveira
http://www.nsrainha.com.br

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Despedida...


O ano aos poucos se despede...
Levando tudo que fez e aconteceu.
Levando lindas datas, comemorações... alegrias e tristezas... pensamentos... histórias de encontros e desencontros... de chegadas e partidas... de tudo um pouco.

Mas marcou... e não há Ano que apague o que foi feito e registrado com amor... podendo ser apenas acrescentado... somado e guardado bem lá no fundo... do coração.

Ano em que muita fé foi plantada... e "floriu".
Em que a esperança foi renovada dia a dia... e partilhada com amor.
Em que fizemos planos... depositamos nossos sonhos... e ADOÇAMOS nossos caminhos...
Ele se despede... aos poucos... com a certeza de que em seu lugar nós é continuaremos acreditando, que dias (ANOS) melhores virão.

Arvores da vida - Luandrade

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Conto de Natal: O pinheiro de St. Martin


Na véspera de Natal, o padre da igreja no pequeno vilarejo de St. Martin, nos Pirineus franceses, se preparava para celebrar a missa, quando começou a sentir um perfume delicioso. Era inverno, há muito as flores tinham desaparecido – mas ali estava aquele aroma agradável, como se a primavera tivesse surgido fora de tempo.

Intrigado, ele saiu da igreja para buscar a origem de tal maravilha, e foi dar com um rapaz sentado na frente da porta da escola. Ao seu lado, estava uma espécie de árvore de Natal dourada.

- Mas que beleza de árvore! – disse o pároco. – Ela parece ter tocado o céu, já que irradia uma essência divina! E é feita de ouro puro! Onde foi que a conseguiu?

O jovem não demonstrou muita alegria com o comentário do padre.

- É verdade que isso que carrego comigo foi ficando cada vez mais pesado à medida que eu andava, suas folhas ficaram duras. Mas não pode ser ouro, e estou com medo da reação de meus pais.

O rapaz contou sua história:

- Tinha saído hoje de manhã para ir até a grande cidade de Tarbes, com o dinheiro que minha mãe havia me dado para comprar uma bela árvore de Natal. Acontece que, ao cruzar um povoado, vi uma senhora de idade, solitária, sem nenhuma família com quem comemorar a grande festa da Cristandade. Dei-lhe algum dinheiro para a ceia, pois estava certo que poderia conseguir um desconto na minha compra.

“Ao chegar em Tarbes, passei diante da grande prisão, e havia uma série de pessoas esperando a hora da visita. Todas estavam tristes, já que passariam a noite longe de seus entes queridos. Escutei algumas delas comentando que sequer tinham conseguido comprar um pedaço de torta. Na mesma hora, movido pelo romantismo de gente da minha idade, decidi que iria dividir meu dinheiro com aquelas pessoas, que estavam precisando mais que eu. Guardaria apenas uma ínfima quantia para o almoço; o florista é amigo de nossa família, com certeza me daria a árvore, e eu poderia trabalhar para ele na semana seguinte, pagando assim a minha dívida”.

“Entretanto, ao chegar ao mercado, soube que o florista que conhecia não tinha ido trabalhar. Tentei de todas as maneiras conseguir alguém que me emprestasse dinheiro para comprar a árvore em outro lugar, mas foi em vão”.

“Convenci a mim mesmo que conseguiria pensar melhor o que fazer, se estivesse com o estômago cheio. Quando me aproximei de um bar, um menino que parecia estrangeiro, perguntou se eu podia lhe dar alguma moeda, já que não comia há dois dias. Como imaginei que certa vez o menino Jesus deve ter passado fome, entreguei-lhe o pouco dinheiro que me sobrava, e voltei para casa. No caminho de volta, quebrei um galho de um pinheiro; tentei ajeita-lo, corta-lo, mas ele foi ficando duro como se feito de metal, e está longe de ser a árvore de Natal que minha mãe espera”.

- Meu caro – disse o padre – o perfume desta árvore não deixa dúvidas de que ela foi tocada pelos Céus. Deixe-me contar o resto desta sua história:

“Assim que você deixou a senhora, ela imediatamente pediu à Virgem Maria, uma mãe como ela, que lhe devolvesse esta benção inesperada. Os parentes dos presos se convenceram que tinham encontrado um anjo, e rezaram agradecendo aos anjos pelas tortas que foram compradas. O menino que você encontrou, agradeceu a Jesus por ter sua fome saciada”.

“A Virgem, os anjos, e Jesus escutaram a prece daqueles que tinham sido ajudados. Quando você quebrou o galho do pinheiro, a Virgem colocou nele o perfume da misericórdia. À medida que você caminhava, os anjos iam tocando suas folhas, e as transformando em ouro. Finalmente, quando tudo ficou pronto, Jesus olhou o trabalho, abençoou-o, e a partir de agora, quem tocar esta árvore de Natal, terá seus pecados perdoados e seus desejos atendidos”.

E assim foi. Conta a lenda que o pinheiro sagrado ainda se encontra em St. Martin; mas sua força é tão grande que, todos aqueles que ajudam seu próximo na véspera de Natal, não importa quão longe estejam do pequeno vilarejo dos Pirineus, são abençoados por ele.

Paulo Coelho

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A materialidade do Papai Noel e a espiritualidade do Menino Jesus


Um dia, o Filho de Deus quis saber como andavam as crianças que outrora, quando Ele andou entre nós,“as tocava e as abençoava” e das quais que dissera: ”Deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o Reino de Deus” (Lucas, 18,15-16).

À semelhança dos mitos antigos, montou num raio celeste e chegou à Terra, umas semanas antes do Natal. Assumiu a forma de um gari que limpava as ruas. Assim podia ver melhor os passantes, as lojas todas iluminadas e cheias de objetos embrulhados para presentes, e principalmente seus irmãos e irmãs menores que perambulavam por aí, mal vestidos e muitos com forme, pedindo esmolas. Entristeceu-se sobremaneira, porque verificou que quase ninguém seguira as palavras que deixou ditas: ”Quem receber qualquer uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe” (Marcos 9,37).

E viu também que já ninguém falava do Menino Jesus que vinha, escondido, trazer, na noite de Natal, presentes para todas as crianças. O seu lugar foi ocupado por um velhinho bonachão, vestido de vermelho com um saco às costas e com longas barbas, que a toda hora grita bobamente:”Oh, Oh, Oh…olhem o Papai Noel aqui”. Sim, pelas ruas e dentro das grandes lojas lá estava ele, abraçando crianças e tirando do saco presentes que os pais haviam comprado e colocado lá dentro. Diz-se que veio de longe, da Finlândia, montado num trenó puxado por renas. As pessoas haviam esquecido de outro velhinho, este verdadeiramente bom: São Nicolau. De família rica, dava pelo Natal presentes às crianças pobres dizendo que era o Menino Jesus que lhos estava enviando. Disso tudo ninguem falava. Só se falava do Papai Noel, inventado há mais de cem anos.

Tão triste como ver crianças abandonadas nas ruas, foi perceber como elas eram enganadas, seduzidas pelas luzes e pelo brilho dos presentes, dos brinquedos e de mil outros objetos que os pais e as mães costumam comprar como presentes para serem distribuídos por ocasião da ceia do Natal.

Propagandas se gritam em voz alta, muitas enganosas, suscitando o desejo nas crianças que depois correm para os pais, suplicando-lhes para que comprem o que viram. 
O Menino Jesus, travestido de gari, deu-se conta de que aquilo que os anjos cantaram de noite pelos campos de Belém — ”Eis que vos anuncio uma alegria para todo o povo, porque nasceu-vos hoje um Salvador… glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lucas 2,10-14) — não significava mais nada. 
O amor tinham sido substituído pelos objetos, e a jovialidade de Deus, que se fez criança, tinha desaparecido em nome do prazer de consumir.Uma carta do Menino Jesus foi encontrada debaixo da porta dos casebres dos morros da cidade, chamados de favelas

Triste, tomou outro raio celeste e, antes de voltar ao céu, deixou escrita uma cartinha para as crianças. Foi encontrada debaixo da porta das casas e especialmente dos casebres dos morros da cidade, chamados de favelas. Aí o Menino Jesus escreveu:

Meus queridos irmãozinhos e irmãzinhas,

Se vocês, olhando o presépio e virem lá o Menino Jesus e se encherem de fé de que ele é o Filho de Deus Pai que se fez um menino, menino qual um de nós e que Ele é o Deus-irmão que está sempre conosco,

Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas, especialmente nos pobrezinhos, a presenca escondida do Menino Jesus nascendo dentro deles.

Se vocês fizerem renascer a criança escondida no seus pais e nas pessoas adultas para que surja nelas o amor, a ternura, o carinho, o cuidado e a amizade no lugar de muitos presentes.

Se vocês ao olharem para o presépio descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente pobres e mal vestidas e sofrerem no fundo do coração por esta situação desumana e se decidirem já agora, quando grandes, mudar estas coisas para que nunca mais haja crianças chorando de fome e de frio,

Se vocês repararem nos três reis magos com os presentes para o Menino Jesus e pensarem que até os reis, os grandes deste mundo e os sábios reconheceram a grandeza escondida desse pequeno Menino que choraminga em cima das palhinhas,

Se vocês, ao verem no presépio todos aqueles animais, como as ovelhas, o burro e a vaquinha, pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela Menino Jesus e que todos, galáxias, estrelas, sois, a Terra e outros seres da natureza e nós mesmos formamos a grande Casa de Deus,

Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda e recordarem que sempre há uma Estrela como a de Belém sobre vocês, iluminando-os e mostrando-lhes os melhores caminhos,

Se vocês aguçarem bem os ouvidos, e escutarem a partir dos sentidos interiores uma música celestial como aquela dos anjos nos campos de Belém que anunciavam paz na terra,

Então saibam que sou eu, o Menino Jesus, que está chegando de novo e renovando o Natal. Estarei sempre perto de vocês, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, à Casa do Pai e Mãe de infinita bondade, para sermos juntos eternamente felizes como uma grande família reunida.

Belém, 25 de dezembro do ano 1.

Assinado: Menino Jesus

Leonardo Boff

Estatuto de Natal

Alguém, que eu não sei quem é, teve a ideia de compor um Estatuto de Natal.
É uma boa reflexão.


Art. I: Que a estrela que guiou os Reis Magos para o caminho de Belém, guie-nos também nos caminhos difíceis da vida.

Art. II: Que o Natal não seja somente um dia, mas 365 dias.

Art. III: Que o Natal seja um nascer de esperança, de fé e de fraternidade.
Parágrafo único: Fica decretado que o Natal não é comercial e sim, espiritual.

Art. IV: Que os homens, ao falarem em crise, lembrem-se de uma manjedoura e uma estrela, que como bússola, apontem para o Norte da Salvação.

Art. V: Que no Natal, os homens façam como as crianças: deem-se as mãos e tentem promover a paz.

Art. VI: Que haja menos desânimos, desconfianças, desamores, tristezas. E mais confiança no Menino Jesus.
Parágrafo único: Fica decretado que o nascimento de Deus Menino é para todos: pobres e ricos, negros e brancos.

Art. VII: Que os homens não sigam a corrida consumista de "ter", mas voltem-se para o "ser", louvando o Seu Criador.

Art. VIII: Que os canhões silenciem, que as bombas fiquem eternamente guardadas nos arsenais, que se ouça os anjos cantarem Glória a Deus no mais alto dos céus.
Parágrafo único: Fica decretado que o Menino de Belém deve ser reconhecido por todos os homens como Filho de Deus, irmão de todos!

Art. IX: Que o Natal não seja somente um momento de festas, presentes.

Art. X: Que o Natal dê a todos um coração puro, livre, alegre, cheio de fé e de amor.

Art. XI: Que o Natal seja um corte no egoísmo. Que os homens de boa vontade comecem a compartilhar, cada um no seu nível, em seu lugar, os bens e conquistas da civilização e cultura da humildade.

Art. XII: Que a manjedoura seja a convergência de todas as coordenadas das ideias, das invenções, das ações e esperanças dos homens para a concretização da paz universal.

Parágrafo único: Fica decretado que todos devem poder dizer, ao se darem as mãos:

 - FELIZ NATAL!

https://www.facebook.com/PFelipeAquino

domingo, 22 de dezembro de 2013

Vida e morte


Se queres amar a vida, eu preferiria dizer, se queres apreciá-la lucidamente, não te esqueças que morrer faz parte dela. 
Aceitar a morte -a sua, a dos próximos- é a única maneira de ser fiel à vida até o fim.
Mortais e amantes de mortais: é o que somos e o que nos dilacera. Mas essa dilaceração que nos faz homens ou mulheres, também é o que dá a vida o seu preço mais elevado.
Se não morrêssemos, se nossa existência não se destacasse assim contra o fundo tão escuro da morte, seria a vida tão preciosa, rara, perturbadora? 
“Um pensamento insuficientemente constante sobre a morte, escrevia Gide, “nunca deu valor suficiente ao mais ínfimo instante de vida.”
Portanto é preciso pensar a morte para amar melhor a vida -em todo caso, para amá-la como ela é: frágil e passageira- para apreciá-la melhor, para vivê-la melhor, o que é uma justificação suficiente para este capítulo.

André Comte-Sponville

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Presente...


"Tem gente que adora presentear com flores. 
Outros dão bombons, livros e até os mais ousados, joias... 
Eu te presenteio com meu mundo, embrulhado no mais precioso papel: a SINCERIDADE. 

Tem um laço também, de fita da AMIZADE, com aquele nó bem apertado, atado para sempre. 
Mas o melhor está dentro do meu mundo, alegrias, vitórias, esperança. 
Tem também, um pouco de tristeza, lágrimas, calos, decepções, afinal, todos estes sentimentos fazem parte de uma história normal, de um ser humano tal. 

Pode ser pouco para você, quando o receber. 
Não o julgue só pela embalagem, aparência. 
O desembrulhe com cuidado, conquiste aos poucos os vários países do meu mundo. 

Encontrará um porto seguro, aquele que deseja, um abrigo para todas as horas. 
Não importa de quais sentimentos. 
Sê de tristezas, choraremos juntos. 
Sê de alegrias, sorriremos do mesmo modo. 

O meu mundo tem catástrofe também, terremotos, maremotos se soltando pelos meus olhos. 
Mas muitos botes salva vidas ancorados naquele porto seguro que te falei. 

E recheando tudo isso, temos carnaval das alegrias, das energias, dos dons, da sabedoria e o principal de todos: SOLIDARIEDADE, aquela sem cor, sem nome, sem sexo, preconceito... sem rosto. 

Aceita meu presente?" 

G.Fernandes

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Vamos brincar de gangorra?


Quando um está mal, o outro deve estar bem.

Quando um está irritado, o outro deve ser paciente.

Quando um está cansado, o outro deve encontrar disposição.

Quando um adoece, o outro deve mostrar saúde.

Quando um se envaidece de razão, o outro deve ser humilde no
cuidado.

No casal, as fraquezas não podem convergir. Não podem ocorrer
simultaneamente.

Se vê que sua parceira explodiu, escolha um momento distinto
para desabafar e reclamar. Recue de sua catarse. Deixe para o
dia seguinte. Ela nem irá ouvi-lo no acesso de cólera.

Quando os dois decidem ser a parte mais fraca do relacionamento, os laços sucumbem.

Não podem ocupar o mesmo papel, o mesmo script. Só há vaga para um protagonista em cada crise. Alguém terá que ser coadjuvante.

Dois vilões no mesmo filme geram divórcio.

A alternância é o segredo da convivência. Mudar de lugar sempre, analisar quem mais precisa e ceder se for necessário.

O que traz estabilidade é a gangorra: quando a mulher cai, o
homem estende o braço, quando o homem vacila, a mulher acode.

A separação acontece quando duas chagas conversam procurando
mostrar qual é a mais funda. É quando duas feridas travam uma
guerra buscando sangrar mais, e nenhum dos lados estanca a
própria carência.

O sofrimento acentua o orgulho, a dor agrava a cegueira, a
ansiedade de resolver logo a discordância apenas abre a porta
para o fim.

É uma disputa do desespero, e o casal se afoga nas mágoas. Não
haverá sequer um salva-vidas acordado.

Ainda que sobre paixão, ainda que reste confiança, nada segura
o momento em que os dois coincidem em enlouquecer. A loucura
exige troca de plantão.

O casal é capaz de destruir uma história linda e promissora por
uma noite de fúria.

A esposa e o marido se transformam em crianças, e crianças
abandonadas em casa berrando e com medo. Tentarão gritar alto
para chamar os vizinhos e denunciar os maus-tratos. E vão se
indispor e se ofender tanto, e vão se provocar e se agredir tanto, que depois é difícil cicatrizar.

Um tem que ser adulto na hora do pânico. Um tem que ser responsável. Um tem que ser forte o suficiente para preservar as fraquezas do amor.

Fabricio Carpinejar

Reflexão


Faz mal para a saúde e para a convivência humana viver na companhia de quem só critica e ver erros em tudo e em todos. Pessoas assim geralmente não se enxergam e azedam as relações humanas. 

Já tem muita coisa azeda e estragada no mundo. 

Criticar por criticar não muda o mundo e nem torna as pessoas melhores. 
Toda vez que eu quiser opinar, falar sobre algo e exercer um julgamento sobre fatos, pessoas e realidades eu preciso olha primeiro para minha conduta e apontar para mim mesmo o que eu faço diferente ou melhor. 

Claro que precisamos ter senso analítico e critico e de preferencia bem apurados. 
Porém, sejamos críticos e analíticos primeiro com nossa vida, com nossa conduta e com nossas próprias responsabilidades. 

A melhor contribuição que podemos dar ao mundo para que ele seja melhor não é acusar as pessoas pelos seus erros e nem apontar os defeitos dos outros. 

Quando eu consigo cumprir com minhas obrigações e ajudo com caridade a quem não enxerga bem o caminho que esta seguindo, eu estou dando o melhor de mim para o mundo ser diferente. 

Roger Araujo

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Mentirinhas e mentironas


Quem nunca teve medo de dizer a verdade e contou aquela mentirinha para não ficar mal diante do olhar de alguém?
Pode até haver quem nunca tenha se rendido à sedução de parecer perfeito diante dos outros, mas muitos dos que estão lendo este texto já perderam a retidão e cruzaram os dedinhos na hora de contar um caso.

Sim, a mentira é, nada mais, nada menos, que insegurança, medo de não ser acolhido, de não ser amado. 
É, na verdade, falta de coragem de ser o que é, falta de consciência da própria identidade. Sobretudo, diante de Deus. 

Mentira se veste de tantas coisas, sugere tantas coisas e nunca é fiel a nada, a nenhuma ideia.
Muitas vezes recorremos a ela porque não somos capazes de nos decidir pela mudança interior. 
Rejeitamos a verdade e não aceitamos nossa condição limitada, que precisa de Deus, precisa dos outros. 

Então, longe de Deus, da Palavra, vivemos uma vida de faz de conta, uma mentira.
Eu já menti, já senti esse medo, já deixei que minhas inseguranças fossem maiores do que o amor, já me aprisionei no olhar dos outros e me esqueci de que fui criada para o amor.
E eu sei bem que tanto faz se é mentirinha ou mentirona. 

Esse pecado faz grandes estragos, rompe relações, constrói castelos de areia, não permite que a vida seja vivida em profundidade, intensamente.

Só podemos amar profundamente se somos capazes de ser igualmente verdadeiros uns com os outros. Profundamente transparentes...

É evidente que a verdade é um caminho constante e puro, que respeita o tempo do revelar-se e se insere neste mesmo tempo. Bendito tempo do conhecimento.

Partilho também, com a vida, que só o amor consegue mudar, libertar e nos fazer recomeçar, sair dos enganos, viver o real e não o ilusório.
Portanto, a verdade é o nosso grande tesouro. 

A Deus pertence, aos amados pertence. 
No tempo, no caminho de confiança e na vivência profunda de uma relação de amor. 

Porque não há amor sem verdade, não há verdade sem amor.

"A Verdade vos Libertará" (Jo 8,32)

desconheço a autoria

domingo, 8 de dezembro de 2013

Possua



Um coração que nunca endureça

Uma emoção que nunca pressione

Um toque que nunca magoe

Um carinho que nunca envelheça

Uma doçura que não estacione

Um coração que, por vezes, perdoe

Uma paixão que não enfraqueça

Um prazer que nunca relaxe 

Um silêncio que nunca destoe

Uma verdade que nunca encareça 

Um medo que não ameace 

Uma tristeza que não amontoe

Uma amargura que não amanheça 

Uma alegria que nunca entristeça 

Uma fantasia que não voe

Uma felicidade que não empobreça 

Um desejo que nunca se apague 

E um amor que te abençoe...

Blandinne

sábado, 7 de dezembro de 2013

Internet Love


Estava em torno dos quarenta quando foi surpreendido com o pedido de divórcio da esposa que, após ensaiar mal arranjadas desculpas, confessou-lhe nova paixão. 
Sofreu calado por vários dias, mas como não via possibilidades de volta, porque ela confessara ainda que a nova relação, iniciada em um grupo de bate-papo no facebook, já ultrapassara a barreira do mundo virtual, resolveu, também, aderir ao novo universo da intercomunicação sem limites. 

Adquiriu um tablet de última geração e, após rápido curso de navegação, entrou na rede. 
Em questão de dias já se sentia reconfortado e a esposa amada, a vida de casado, iam se tornando lembranças distantes. 

Inseriu logo o seu perfil e uma foto em que aparece sorridente ao novo endereço e, em pouco tempo, estava integrado a uma infinita comunidade de novos amigos. 
E, como era de se esperar, logo apareceu alguém com quem passou a se identificar de modo surpreendente. Era loura, calma, discreta. 
Exatamente o oposto da ex-esposa, detentora de personalidade expansiva e comunicativa. 
Embora já se conhecessem há dias e conversassem por horas a fio, vira dela apenas uma foto, que confirmava sua discrição. 

Ele, após a separação também adquirira personalidade nova e mais “descolada”, como referia. 
Decidira se tornar ousado, dinâmico, atualizado, enfim. Passara a cuidar do próprio físico, entrara em uma academia e praticava halterofilismo três vezes por semana. 

Naturalmente, na foto que postou em sua página aparecia em trajes esportivos, exibindo o perfil atlético que aos poucos estava moldando. 
E causou impacto no círculo de amizades. E mais ainda, e para sua surpresa, causou um pedido da nova namorara. 

Após muito rodeio e evasivas ela pediu, meio reticente, que postasse fotos em que aparecesse nu, ainda que à distância. 
Ele hesitou no primeiro momento, mas evitando se demorar no assunto e, antes que a velha personalidade decidisse pelo “não”, aceitou a proposta e cuidou de preparar o material. Afinal, ousadia e dinamismo eram os principais traços da sua nova maneira de ser. 

Escolheu bem um “close” de frente e uma espécie de paisagem discreta no registro de fundos, anexou a uma mensagem, pressionou o cursor no ícone “enviar” e foi dormir, deixando aos cuidados da nova musa o próximo contato. 

No dia seguinte, estava em destaque na sua página e nos principais sítios de fofocas da rede, alternando intermitentemente, o seu rosto sorridente e seus fundilhos, já não muito discretos e, em destaque, a frase que enviara com as fotos à nova paixão: “Com carinho, para alguém que estou aprendendo a amar”. 

Na caixa de mensagens havia apenas uma onomatopeia, em linguagem da nova mídia, postada pela namorada: “Ha! Ha! Ha!”.

Nossas Letras - Letras, Arte e Cia - José Borges da Silva

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Porque?


Por que temos esse estranho jeito de querer resolver tudo?
As vezes até o que não é do nosso meio, nem da nossa capacidade.
Nos perdemos em discussões tolas,
esforços em vão, suor a toa.
Para o nada…

Perdemos um tempão com coisas bobas, brigas tolas.
Discutimos muito para saber quem tem razão.
Lógico que, querendo sempre ter a razão.

E assim, perdemos tempo precioso,
perdemos amigos, amores, conhecidos.
Tudo porque queremos ter a razão,
reafirmar que somos “superiores”.

O que realmente importa é fazer o que nos faz bem
e que pode ser repartido, compartilhado,
dividido com outros.

Não perca saúde, alegria, vida e amigos discutindo o vazio.
Melhor é ter emoção, coração do que razão.
A razão passa, se perde.
A emoção pode ser eterna.

Paulo Roberto Gaefke

Aprendi a ser feliz


Aprendi que nossa idade é medida mais pelas nossas vivências do que pelo tempo que passamos...
Que a vida tem o gosto que queremos que ela tenha...
Depende do jeito que a gente vê e sente as coisas....

Podemos vê-la...
Com alegria no rosto desfrutando das pequenas coisas que Deus nos dá
ou com tristeza... estampada no coração...

Aceitar os caminhos de Deus com alegria.
Amar as pessoas que passam pela nossa vida... com a intensidade querida e necessária
agarrá-las em nossos braços e fazê-las felizes...

Viver intensamente esse sentimento divino que é o amor...
O amor por tudo que é de Deus, mostrado pelos pequenos e grandes gestos da nossa vida...

Não se abata pelos obstáculos que aparecerem em sua vida!
Cada um deles teve sua missão e seu aprendizado...

Nenhuma flor nasce sem que seja consentimento do Criador... DEUS!
Curta a vida!
Abra os Olhos...

Olhe para o céu e sinta-se envolver pela magia da natureza!
Porque tudo que Deus faz e maravilhoso.

Deixe o palco dos medos e das dúvidas.
Dê um sorriso e enfrente os desafios e os sonhos.

Não venha com esse olhar de dúvidas.
Não fique espantado...

Acredite!
Você pode sonhar e realizar seus sonhos.
Viva suas fantasias.

Deixe o arco-íris passas na sua vida!
Sinta o poder de Deus ao seu redor.
Você pode!

Acredite em Deus.

Thais Fonseca

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sugestão


Onde há um pouco de ti, encontrarás, por certo,
um pouco de minha alma, um pouco do meu sonho,
porque surgiste, assim, no meu viver tristonho,
rasgando o véu do amor que eu trazia encoberto...


Vencido à sugestão do teu olhar risonho,
sigo, no meu destino, os teus rastros, de perto,
e busco achar no céu, nos mares, no deserto,
um tema que enriqueça os versos que componho.


Andes por onde andar, sigo-te, passo a passo!
Sinto que estás em mim, no cérebro, nas veias,
giro em torno de ti, satélite no espaço!


Para onde vais, me vou, cativo, acorrentado,
e embora tendo ao lábio a frase por que anseias,
não ouso revelar e sigo-te ignorado...

Lago Burnett

domingo, 1 de dezembro de 2013

Meu tempo


“Contei meus anos e descobri
Que terei menos tempo para viver do que já tive até agora....
Tenho muito mais passado do que futuro...

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas...
As primeiras, ele chupou displicentemente..............
Mas, percebendo que faltam poucas, rói o caroço...

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades...
Inquieto-me com os invejosos tentando destruir quem eles admiram.
Cobiçando seus lugares, talento e sorte.....

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas
As pessoas não debatem conteúdo, apenas rótulos...
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos...
Quero a essência.... Minha alma tem pressa....
Sem muitas jabuticabas na bacia
Quero viver ao lado de gente humana...muito humana...
Que não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade...."


Rubem Alves

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Desejo...


Que o amor não morra. 
Que o desdém e o descaso não vençam. 
Que haja sempre um sorriso novo, um motivo novo, um motivo bobo, um novo dia. 
Que detalhes – bons – tenham importância e sejam notados. Os ruins, que passem despercebidos. 
Que tudo que não acrescenta, seja eliminado, vire resto, papel rasgado. 
Que haja mais pores-de-sóis e sono com chuva. 
Que tenham mais amanheceres na praia, seja sol ou chuva. 
Que se perca o comodismo de ficar e que as caminhadas sejam cada dia mais longas. 
Que não se perca a vontade de estar junto, as brincadeiras infantis e guerras de travesseiro. 
Que se implique e se irrite muito. 
Que zoe, gargalhe, se exponha ao ridículo. 
Que dance desengonçadamente, que se faça caretas no espelho. 
Que a gente não se perca.
Nunca!

Maria Fernanda Probst

Casa sem espelho


Ando pensando demais nos outros e esquecendo de mim. 
Ando dando ouvidos demais aos outros e esquecendo do que meu coração diz. Estou começando a cansar dessas coisas que me trazem apenas uma paz momentânea, e esquecendo daquilo que me traz uma paz infinita. 
Ando meio cega, meio perdida, meio sem rumo. Apesar de sempre achar que estou conseguindo fazer o que eu quero fazer, mas meio que sem querer as coisas se desfazem, não se encaixam mais, se perdem. E então, eu percebo que tudo não passou de ilusão ou de coisinhas que uma típica sonhadora como eu costuma pensar. 

Ilusão, acho que é uma das únicas que não sei ao certo como explicar. Porque sempre que eu acredito que aprendi a não tropeçar nas minhas próprias palavras, vem alguém ou algo e me faz cair de novo. 
E então, percebo que por mais que eu aprenda no momento, eu desaprendo rápido também, e essas coisas começam a se tornar costume. 

Tropeçar e cair já virou um costume. Mas mesmo assim, não continuo no chão, eu me ergo, me levanto, eu sorrio, eu tento esquecer e continuar vivendo. 
Até o momento que eu caio de novo, mas eu me levanto de novo e de novo e de novo. 
Porque eu sei que em algum momento a felicidade irá ser verdadeira, por mais que demore, meus sonhos de felicidade um dia vão sorrir pra mim, e não estarão sorrindo apenas dentro do meu pensamento, eles estarão frente a frente comigo. E pra sempre. 

Não da maneira que sempre esteve, não da maneira que a falsidade estava. Quando minha felicidade plena chegar, estarei sorrindo para a realidade, e não apenas pros meus sonhos. 
Eu estarei vivendo meus sonhos, e não apenas tentando torná-los realidade. 
Eu estarei voando com os pés no chão, mas com a realidade e os sonhos de mãos dadas comigo. E é isso que eu quero. 

Quero viver em paz absoluta, quero sorrir sabendo que será verdadeiro. 
E não quero apenas me perder em falsas palavras de falsas pessoas que me fazem ter falsos sonhos que nunca se tornarão reais.

Letícia Nogara

sábado, 23 de novembro de 2013

Dizer o amor


Se você ama, diga que ama.
Não tem essa de não precisar dizer por que o outro já sabe.
Se souber, maravilha, mas esse é um conhecimento que nunca está concluído.

Pede inúmeras e ternas atualizações.
Economizar amor é avareza.
Coisa de quem funciona na frequência da escassez.
De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois.

É terrível viver contando moedinhas de afeto. 
Há amor suficiente. 
Há amor para todo mundo. 
Há amor para quem quer conectar com ele. 
Não perdemos quando damos, ganhamos juntos.

Quanto mais a gente faz o amor circular, mais amor a gente tem.
Não é lorota.
Basta sentir nas interações do dia-a-dia, esse nosso caderno de exercícios.

Se você ama, diga que ama. 
A gente pode sentir que é amado, mas sempre gosta de ouvir e ouvir e ouvir.
É música de qualidade. 
Tão melodiosa que muitas vezes, mesmo sem conseguir externar, sente uma vontade imensa de pedir: 
-diz de novo?

Dizer não dói, não arranca pedaço, requer poucas palavras e pode caber no intervalo entre uma inspiração, sem brecha para se encontrar esconderijo na justificativa de falta de tempo.

Sim, dizer, em alguns casos, pode exigir entendimentos prévios com o orgulho, 
com a bobagem do só-digo-se-o- outro disser, 
com a coragem de dissolver uma camada e outra dessas que a gente cria ao longo do caminho e quando percebe mais parecem uma muralha.

Essas coisas que, no fim das contas, só servem para nos afastar da vida. 
De nós mesmos. Do amor...
Se você ama, diga que ama.

Diga o seu conforto por saber que aquela vida e a sua vida se olhar amorosamente e têm um lugar de encontro.

Diga a sua gratidão. O seu contentamento...
A festa que acontece em você toda vez que lembra que o outro existe.

E se for muito difícil dizer com palavras, diga de outras maneiras que também passam ser ouvidas. 
Prepare surpresas.
Borde delicadezas no tecido às vezes áspero das horas.

Reinaugure gestos de companheirismo. Mas não deixe para depois. 
Depois é um tempo sempre duvidoso. 
Depois é distante daqui. 
Depois é sei la´.

Ana Jácomo


domingo, 17 de novembro de 2013

Ofereço uma rosa


A quem me deu perfume,
A quem me deu sentido,
A quem só me fez bem.

Ofereço uma rosa,

Aqueles que sorriram comigo,
Aqueles que comigo partilharam
lágrimas,
Aqueles que souberam de minha
existência.

Ofereço uma rosa,

Aos nobres do sentir,
Aos ricos do viver,
Aos imperadores do amor.

Ofereço uma simples rosa,

Aqueles que simplesmente foram amigos,
Que ternamente fizeram do silêncio sair
sons,
Que cantaram comigo,
Que me olharam, e me sentiram.

Ofereço a minha rosa...


Autor desconhecido

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Não me culpe...


Não me culpe por não sentir amargura...
Isso não faz de mim menos intensa.
Tenho o amor como aliado
E dele, faço minhas revoluções.

E mergulho sempre profundo
Só que em águas limpas...

Outras armas...

As minhas disparam flores coloridas, vermelhas...
Que perfumam qualquer angústia.

Não me culpe...

Eu vejo a esperança de verde cor forte,
Eu acredito em céus azuis
E pássaros amarelos...

Deixe eu pintar o mundo com as minhas cores!
Quem sabe as borboletas renascem,
E o cinza brilha e se transforma em LUZ..."

Saulo Fernandes

sábado, 9 de novembro de 2013

Respirar a noite


Às vezes é preciso ir ver as estrelas, respirar a noite.
Sentir que nem tudo é aquilo que não queremos...olhar em frente e ter a certeza de que sabemos dirigir os passos que dermos no escuro.

As mãos geladas levam o medo, as pernas trémulas a angústia de não saber...
E o vazio espraia-se na pele de quem caminha sem vontade, como o ar pesado nas noites em que nos deitamos com o nó na garganta de quem não disse tudo o que tinha a dizer.
A certeza de que o amanhã será só mais um pôr-do-sol, só mais um arco-íris passageiro, uma corda de água que deixa a vida cinzenta. 
Porque às vezes é assim, temos que dar a pele à chuva e sentir o frio lavar-nos de tudo o que nos faz chorar. 
E ficar de olhar fixo num ponto longínquo, esperar pelas palavras que nem sempre vêm.
Permanecer naquele esquecimento precoce e sonhar com tudo o que desejamos em segredo.
Às vezes é preciso inspirar profundamente, aprender a querer um novo dia. 
É preciso saber respirar a noite para podermos acordar no dia seguinte e sermos capazes de sorrir.

desconheço a autoria

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Coisa que não se perde

Ombro que ampara. Sorriso que se doa. Colo que conforta. Palavra que se tem. Amizade. Tem coisa mais bonita?

Amizade pra dividir assunto, segredo, vida. 
Amizade que começa na infância, amizade que atravessa décadas, amizade colorida.
Tenho amigos que fiz na escola, na faculdade, no endereço antigo. Amigos que conheci através de cartas, amigos da internet.

Já confundi interesse com admiração. 
Já confundi amigo verdadeiro com amigo da onça. 
Já dei créditos demais a quem nem figuração merecia. 
Já quebrei muito a cara por confiar fácil e muito. E por abrir as portas de casa e do coração a quem quisesse entrar.

Mas o tempo, esse imprevisível senhor, descortina, ensina, explica e corrige tudo, ainda bem.

Hoje não. 
Hoje a reciprocidade é meu parâmetro. 
Hoje o cuidado, muito mais que o sorriso aberto - fácil e gratuito - é meu critério. 
Hoje preciso ser conquistada.

Aos meus leais amigos, dedico linhas, sorrisos, abraços, afeto e dias.
Infelizmente acontece com todo mundo: o correr das horas e as ofensivas imediaticidades não permitem a presença como em outros tempos. 

Mas amizade é isso. 

Perdoar e ser perdoada pela correria cotidiana impedir a frequência, a constância de amigos por perto.
Mas, por favor. Não vamos confundir ausência com indiferença. 
Não vamos justificar abandono com falta de tempo.

Amizade é pra ser usada e não guardada na gaveta das boas lembranças. 
A boa amizade é pra ser prezada, gasta e compartilhada. Perto ou longe. 

Afinal, alegar impossibilidade de contato em tempos de meios instantâneos de comunicação é, no mínimo, cara de pau.
Dentre as coisas mais verdadeiras que sempre leio e assino embaixo estão as concepções de que, quem ama cuida e quem quer, dá um jeito. 
Nisso, cabem cartas e e-mails pra encurtar distâncias, mensagens e telefonemas pra romper silêncios, e sempre que possível, encontros pra amenizar saudades.

É isso. A gente até pode perder o amigo de vista, mas há de se dar um jeitinho vez ou outra, que seja. Porque amizade é coisa que não se perde.
Erros e tropeços também cabem aqui. Como em toda e qualquer relação humana. 
E cabe também o refazer. 

Para tanto, a importância que cada um faz e dá a nossa vida, ditará quem permanece. 
E pra isso, não há disfarces, não há desculpas, não há emoções genéricas que substituam o sentimento. 

Também não há receitas. Pra amizade verdadeira só há uma recomendação: depois de cativar, cultive.

 Yohana Sanfer

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Sobre a honestidade


Einstein disse que “o destino da humanidade repousa essencialmente e mais do que nunca sobre as forças morais do homem”. E lamentava o fato do progresso entre os homens não ter se efetuado ao mesmo tempo que o progresso sobre as coisas.

Uma verdade é inegável, os homens e mulheres de caráter foram as colunas mestres da sociedade em que viveram e fizeram o desenvolvimento dos povos: Jesus, Ghandi, Lincoln, Santo Agostinho, Mendel, Copérnico, Pasteur, Milikan, Faraday, Gauss...
A verdadeira felicidade só pode ser construída em uma vida de honestidade, caráter, verdade e honradez. Infelizmente, como já dizia Rui Barbosa, “de tanto ver imperar a mentira, a corrupção, a deslealdade, a falta de caráter, o homem chega a rir da honra e ter vergonha de ser honesto”.
Hoje são muitos os maus exemplos por parte de pessoas de poder que sobem às custas da desonestidade e da injustiça. É um péssimo exemplo aos jovens. 

“Afasta-te da injustiça e ela se afastará de ti”, disse alguém. 

Estamos moldando as gerações futuras; os nossos gestos e exemplos se prolongam com repercussões sobre as gerações vindouras.
E, sobretudo vale lembrar aqui que “o lar é a oficina do caráter”. É nele que os pais precisam preparar com zelo as futuras gerações. 
O valor moral não pode ser substituído pelo valor inteligência. Quem perde a honestidade e o nome não tem mais nada que perder

Não basta a instrução literária e acadêmica para formar o caráter; elas por si só não aumentam nem um milímetro a moral de ninguém. 

Sêneca, filósofo romano, dizia que “de nada vale ensinar aos jovens o que é a linha reta, se não o ensinarmos o que é a retidão”.
Não podemos nos submeter a nada e a ninguém que não esteja em sintonia com a verdade. Ghandi dizia que o único tirano que ele aceitava nesse mundo era a “voz baixinha” que falava dentro dele, a voz da consciência. 

Se o homem desprezar ou violentar a sua consciência ele estará esmagando a si mesmo porque estará pisando o que há de mais sagrado dentro dele mesmo. 

Esta “voz baixinha” que fala dentro de cada um de nós, é a própria voz de Deus.

Prof Felipe Aquino

domingo, 27 de outubro de 2013

Recompensas


Pequenos prazeres trazem grandes recompensas. 
Então… satisfaça sua alma primeiro! A Alma é simples e fonte de todo o contentamento. 

Enquanto você procura uma roupa de grife, e chora por não tê-la em seu guarda roupa, a alma se contenta em te ver com uma roupa limpa, bem passada, pois sabe que o corpo vale mais que a vestimenta.

Enquanto você sonha com uma pessoa além do natural, desenha na mente uma pessoa encantada, e chora a solidão do desencontro, a alma se contenta com uma pessoa como você, com defeitos e qualidades, de carne e osso, que possa falar o que você precisa ouvir, e silenciar quando quer desabafar.

Enquanto você sonha com aquele super emprego ou cargo público e chora por não passar no concurso ou na seleção, a alma se sente bem em qualquer trabalho honesto que possa te sustentar, que possa trazer alívio para as despesas que não param.

Enquanto você sonha com o amor que não deu certo, e chora o abandono do que nunca existiu, a alma se contenta com essa pessoa que já convive com você. Talvez você só saiba o valor do que se perde, a alma valoriza o que conquistamos.

Enquanto você se perde em sonhos mirabolantes de riquezas e espera pelo prêmio milionário da Loteria, a alma se contenta com o pouco abençoado pelo suor do seu trabalho e se alegra com o que você pode repartir.

Enquanto você espera, a alma idealiza, enquanto você luta, a alma incentiva, enquanto você cai, a alma ampara, e quando você desiste, a alma chora, lamenta a ilusão que cega os teus olhos.

Durante a noite, quando dormimos e morremos para a vida, ela se ergue em liberdade e mostra onde podemos chegar. 
Mas, por pura tolice e medo de nós mesmos, achamos que tudo não passou de um sonho, e voltamos para a aflição do dia que poderia ser muito melhor, porque nos afligimos com o que não temos, queremos o que não nos pertence, lutamos pelo que não quer mudar, choramos pelos que não reparam nas nossas lágrimas, e escondemos nossos desejos mais simples, em troca de uma ilusão do mundo.

Para sermos felizes precisamos das qualidades divinas: entusiasmo e determinação, coragem e contentamento, firmeza e leveza interior, bondade e compaixão, e muita paciência.

Através da paciência, vamos alcançando tudo. A paciência traz frutos como o contentamento, coração sereno, confiança e tranqüilidade da mente.

Se aprendermos a ter paciência, saberemos como comer, como pensar, como trabalhar, como estar sozinho, como fazer amizades, como viver uma vida verdadeira.

Sem paciência, dissipamos nossa energia e ficamos irritados e cansados. Temos que purificar camadas e camadas de nossa mente, descobrindo como podemos ser mais felizes, superando nossas dificuldades; eliminando nossos medos e limitações.

Viva com responsabilidade e leveza de espírito. Sem stress, sem cobranças, sem tantas expectativas, sem a seriedade que é bem peculiar do ego.

Viva aceitando verdadeiramente o momento presente que já é sua colheita. Você é mais feliz quando tem aceitação de si mesmo, aceita os acontecimentos e aprende com eles, extraindo lições.

A chave para ser mais feliz e saborear a vida é aceitar os outros como são e não tentar mudar a ninguém a não ser a você mesmo. Se mudarmos a nós mesmos, poderemos experimentar harmonia e paz, mas se esperarmos que o mundo ou que os outros mudem, com certeza teremos que esperar em vão por muitos séculos.

Como o pensamento tem muito poder é de muita importância pensar de modo positivo a respeito de nós mesmos e dos outros. Nossos pensamentos criam nosso céu e nosso inferno interior; com nossos pensamentos podemos nos valorizar ou nos diminuir.

Quando sua mente está instável, turbulenta e inquieta, quando tem pensamentos negativos todo o tempo, você prejudica a você mesmo e também os outros. 
Ninguém é responsável pelo que você adquire ou o que sente, pois tudo é conseqüência de seu pensamento. Você colhe o que planta. Isto é inexorável.

Não podemos mudar as causas dos acontecimentos, mas podemos mudar os efeitos dos acontecimentos. Podemos mudar nossa atitude interior, o como pensamos, o como falamos, o como agimos. Isto faz toda a diferença.

É importante restaurar a harmonia mental, purificando nossos pensamentos e palavras, realizando ações corretas; gerando o contentamento interior, a bondade, a compaixão, a tolerância, o perdão e principalmente o agradecimento.

Os frutos destas práticas são a sabedoria, a paz interior, mais saúde física, mental e emocional, e a alegria verdadeira que floresce do Ser interior que reside dentro de cada um.

desconheço a autoria


sábado, 26 de outubro de 2013

A vida


Sim, nós sabemos que a vida não é aquele conto de fadas que nos apresentam quando somos crianças. No decorrer da vida, aprendemos (ou ao menos tentamos) a lidar com os problemas que surgem, já na vida adulta.

Aprendemos, também, a aceitar com mais maturidade as perdas, a entender que a ciranda da vida é essa. É assim desde que viemos ao mundo.

E a gente vai vivendo o instante. Sendo feliz com as pequenas coisas e se surpreendendo com o que encontra no caminho. Sendo, quem a gente sempre quis ser. Sendo. Na essência da palavra.

E mesmo que tudo não aconteça da forma como a gente gostaria (e isso de fato será quase impossível) que nada nos impeça de sorrir. Não deixa que a gente se influencie com o peso do mundo, Papai do Céu. Amacia o coração de quem só sabe acreditar. Em quem ainda sonha.

E mesmo os que já perderam essa fé, empresta a tua bondade e traz de volta a ludicidade da infância para essas pessoas. Abençoa, Pai do Céu. E protege essa gente toda de todo o mal.

Bibiana Benites

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O Bordador


Chega um momento em que a gente se dá conta de que, às vezes, para sermos verdadeiros com nós mesmos, precisamos ter o desprendimento para abençoar as tentativas sem êxito, agradecer pelo o que cada uma nos ensinou, e seguir.

De que, às vezes, para se reconstruir, é preciso demolir construções que, por mais atraentes que sejam, não são coerentes com a ideia da nossa vida.

A gente se dá conta do quanto somos protegidos quando estamos em harmonia com o nosso coração.

De que o nosso coração é essencialmente puro.

Essencialmente, amoroso, o bordador capaz de tecer as belezas que se manifestam no território das formas.

De que, sabedores ou não, é ele que tem as chaves para as portas que dão acesso aos jardins de Deus.

E, vez ou outra, quando em plena comunhão criativa, entra lá, pega uma muda de planta e traz para fazê-la florescer no canteiro do mundo.

Ana Jácomo

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Esqueça


Esqueça os dias de nuvens escuras...

Mas lembre-se das horas passadas ao sol .

Esqueça as vezes em que você foi derrotado...

Mas lembre-se das suas conquistas e vitórias.

Esqueça os erros que já não podem ser corrigidos...

Mas lembre-se das lições que você aprendeu.

Esqueça as infelicidades que você enfrentou...

Mas lembre-se de quando a felicidade voltou.

Esqueça os dias solitários que você atravessou...

Mas lembre-se dos sorrisos amáveis que encontrou...

Esqueça os planos que não deram certo...

Mas lembre-se de

SEMPRE TER UM SONHO...

desconheço a autoria

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Se é bom ou se é mau...


Quero contar para vocês a estória que mais tenho contado - não aconteceu nunca, acontece sempre.

Um homem muito rico, ao morrer, deixou suas terras para os seus filhos. Todos eles receberam terras férteis e belas, com a exceção do mais novo, para quem sobrou um charco inútil para a agricultura. 
Seus amigos se entristeceram com isso e o visitaram, lamentando a injustiça que lhe havia sido feita. Mas ele só lhes disse uma coisa: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá." 

No ano seguinte, uma seca terrível se abateu sobre o país, e as terras dos seus irmãos foram devastadas: as fontes secaram, os pastos ficaram esturricados, o gado morreu. Mas o charco do irmão mais novo se transformou num oásis fértil e belo. Ele ficou rico e comprou um lindo cavalo branco por um preço altíssimo. Seus amigos organizaram uma festa porque coisa tão maravilhosa lhe tinha acontecido. Mas dele só ouviram uma coisa: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá." 

No dia seguinte seu cavalo de raça fugiu e foi grande a tristeza. Seus amigos vieram e lamentaram o acontecido. Mas o que o homem lhes disse foi: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá." Passados sete dias o cavalo voltou trazendo consigo dez lindos cavalos selvagens. Vieram os amigos para celebrar esta nova riqueza, mas o que ouviram foram as palavras de sempre: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá."

No dia seguinte o seu filho, sem juízo, montou um cavalo selvagem. O cavalo corcoveou e o lançou longe. O moço quebrou uma perna. Voltaram os amigos para lamentar a desgraça. "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá", o pai repetiu. 

Passados poucos dias vieram os soldados do rei para levar os jovens para a guerra. Todos os moços tiveram de partir, menos o seu filho de perna quebrada. Os amigos se alegraram e vieram festejar. O pai viu tudo e só disse uma coisa: "Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá..."

Assim termina a estória, sem um fim, com reticências... 

Ela poderá ser continuada, indefinidamente. E ao contá-la é como se contasse a estória de minha vida.

Tanto os meus fracassos quanto as minhas vitórias duraram pouco. 
Não há nenhuma vitória profissional ou amorosa que garanta que a vida finalmente se arranjou e nenhuma derrota que seja uma condenação final. 
As vitórias se desfazem como castelos de areia atingidos pelas ondas, e as derrotas se transformam em momentos que prenunciam um começo novo. 

Enquanto a morte não nos tocar, pois só ela é definitiva, a sabedoria nos diz que vivemos sempre à mercê do imprevisível dos acidentes. "Se é bom ou se é mau, sé o futuro dirá."

Rubem Alves

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Onde anda meu sorriso?


Sabe Deus...
Não tem sido fácil
Trago tantas dores no peito
Tantas batalhas
Por vezes, olho o sol
Tão lindo!
Tão mágico! A me sorrir!
E me pergunto?
Onde anda meu sorriso?

Sabe Deus...
Não tem sido fácil
Tenho tantos medos
Tanta insegurança em meu coração
Por vezes, olho a rosa
Tão linda!
Tão perfumada! A me encantar
E então, concluo
Se ela é tão efêmera
E é capaz de tanto
Eu também quero ser assim.

Sabe Deus...
Não tem sido fácil
E sei que não será
Mas Coloquei minhas lutas em suas mãos
E sei que tens tanto pra mim
Por que me conheces tão bem
E a paz me devolverá!

Eu sei que tens planos pra minha vida
E colocaste Anjos
Pra me cuidarem sempre...
E fiz Contigo um Compromisso
Sorrir novamente.

(Sirlei L. Passolongo)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Olhe-se


É muito fácil nos perdermos do essencial quando não enxergamos, apenas vemos.

Se não tomarmos cuidado, a vida passará por nós e não a perceberemos. Enxergar é saber observar o que realmente importa, o que realmente nos convém.

Uma pessoa que não se enxerga, não avança, não cresce, não supera, fica estacionada, porque tem a incapacidade de se ver.

Preste atenção em você, em quem você é. Permita que o olhar que você tem sobre si seja verdadeiro. Pare de exigir de você aquilo que não tem para oferecer, pois, a partir do momento em que você reconhece a sua verdade, tem a capacidade de crescer.

Quando temos dificuldade de olhar para nós mesmos, corremos o risco de assumir um personagem que não somos.

Olhe-se. Não tenha medo de quem você é, abandone as suas ilusões e as substitua por esperança.

Mas se você não se olha, não lida com sua verdade, corre o risco de desperdiçar sua vida com ilusões que não se realizam.

Se você quiser realmente chegar ao profundo dos seus valores, das regras que te regem como ser humano, retire os seus excessos. Muitas vezes os nossos excessos nos impedem de conhecer a nossa verdade fundamental.

Padre Fábio de Melo

domingo, 6 de outubro de 2013

A didática das mudanças


As coisas mudam. Aliás é antiquíssima a teoria da mutação. Tudo está em movimento, em transformação permanente e silenciosa. A árvore que admirei ontem à tarde não é a mesma de hoje. Durante a noite, suas moléculas, numa velocidade espantosa, arranjaram-se de tal forma que hoje talvez haja menos ou mais folhas, talvez um fruto tenha amadurecido ou surgido, algum galho apodrecido e caído, o tronco pode apresentar uma frincha, uma pequena fenda que ontem não havia.

É da própria natureza a mutação das coisas, a transformação lenta e inexorável: o dia, a noite, as estações do ano, os ciclos da vida, a vida e a morte...

De todas as transformações, a que mais aprecio é aquela que se opera no interior das pessoas. Principalmente quando elas se transformam em pessoas melhores, amenizando o humor, abrandando a ira, derrubando a inveja e a soberba, vencendo o orgulho. É reconfortante saber que tantos pensam e apregoam a idéia de que somos, primordialmente, pedra bruta, e que está em nós mesmo a capacidade de transformá-la em pedra polida.

Conheci um daqueles homens que lutam pelo sucesso muito depois de o ter conseguido; que ainda ficam jogando quando as arquibancadas já estão vazias, o outro time já saiu do campo e as sombras começam a descer em sua direção. Aos poucos a vida foi-lhe ensinando que a busca da felicidade tem alguns limites e lições. Esse amigo teimava em permanecer no mesmo método de busca da felicidade, e sentia-se frustrado porque a felicidade que ele almejava nunca era completa. Pensava, por exemplo, que sua vida estaria completa quando se aposentasse. Aposentou-se, mas ainda havia tanto por fazer! Então a felicidade seria quitar a casa própria. Quitou-a, mas ainda continuava muito grande a lista de coisas a fazer, a conquistar. Pensou que a educação completa dos filhos e sua autonomia seria a felicidade. Chegou esse tempo, mas vieram os netos e a história das esperanças recomeçou, a esposa passou a merecer mais carinho, mais atenção; enfim, a felicidade ainda não havia chegado.

Não é interessante a cegueira de alguns? Talvez a felicidade não seja propriamente algo a ser alcançado, mas sim o percurso para se alcançá-la.

Bravo, não?

E não estou sozinho nesta percepção: o romancista espanhol Miguel de Cervantes dizia algo parecido a isto: a felicidade não se encontra no final da viagem, mas sim no seu caminhar, nos pequenos hotéis e tavernas à beira da estrada, as pessoas novas que se conhecem, a paisagem, os animais soltos no campo, o soar de um pequeno sino de igrejinha de uma aldeia...

Enfim, aquele meu conhecido transformou-se, como se transformam todas as coisas do mundo. Passou a exercitar uma sabedoria da qual nunca tivera conhecimento. Passou a pensar que o próprio sucesso é uma espécie de fracasso. Por exemplo: quando chegamos ao pé do arco-íris, verificamos que ele não existe. Se ganhássemos um castelo na Espanha, descobriríamos que não haveria água encanada.

E aí está a magia da vida: desafiar-nos sempre para que sempre estejamos em ação, em busca do melhor. O passado é referência histórica, o presente é o momento de ação e no futuro estão nossas metas. Sucede que quando chegamos ao futuro, estaremos num outro presente e haverá um novo futuro. E a cada dia que nasce, novas ferramentas são postas em nossas mãos para que possamos polir a nossa parte bruta. E aprimorar o nosso interior.

Temos em cada ano, em cada mês, em cada semana, em cada dia, em cada hora, em cada minuto, em cada segundo uma nova oportunidade para melhorar a nossa vida. Enfim, parece que o universo todo conspira para que as mudanças tragam uma mensagem e mesmo um exercício natural: elas existem visando o aprimoramento.

Se você se sente idoso e com tendência a rebater essa idéia, pensando apenas em quanto o seu corpo mudou para pior, os esquecimentos, os “brancos” mentais e capilares, lembre-se que foi necessário todo esse tempo de sua vida para você ter alcançado conquistas inúmeras: os filhos, os filhos dos filhos, a sabedoria, a paz interior, a sensação indescritível de missão cumprida, ou quase isso...

A didática das mudanças. Pense em retornar ao início... Inimaginável, porque impossível. O que implica dizer que mudança é progresso, é ir adiante, é passar por novas experiências, é crescer, é aproximar-se cada vez mais de tudo o que seja inerente ao aprimorado, de tudo que seja mesmo transcendente à condição humana.

Vencemos desafios, perdemos algumas lides, deixamos lições e nos autoprimoramos.

Há desvios de rota. Se na natureza, a teoria das cordas explica, se no homem a história das civilizações ou a própria antropologia cultural usualmente aponta fatores que, no futuro, haverão de ser transpostos.

As lições das mudanças. Isto não é maravilhoso?

Everton de Paula,
cadêmico e editor. Escreve para o Comércio há 43 anos

sábado, 5 de outubro de 2013

Amar é isso

A pessoa que ama é uma pessoa espontânea. 
A pessoa que ama não tem necessidade de ser perfeita, apenas humana.


Amar é sentir forças pra lutar
Seguir sem medo de recomeçar
Amar é, é se entregar de coração, sem esperar gratidão.
Amar é Ter sorrisos no olhar, ter fé, na amizade acreditar
Amar, força que move a canção, essência da emoção.
Amar é isso e muito mais.
Só no amor pode este mundo sentir paz.
É saber sorrir, é saber se dar, é saber seguir,
Sem volta esperar, é a doação,
Nunca dizer não, prá fazer feliz outro coração.
Amar é isso e muito mais.
Só no amor pode este mundo sentir paz.
É a força que move a vida,
Faz crer que um dia pára a tempestade,
Ver a rosa perfumada entre espinhos,
Ver a luz no fim do túnel no caminho.
Amar é isso e muito mais
Só no amor pode este mundo sentir paz
É a força que move a vida
Faz crer que um dia pára a tempestade
Ver a rosa perfumada entre espinhos
Ver a luz no fim do túnel no caminho.
Amar é isso e muito mais
Só no amor pode este mundo sentir paz
É a força que move a vida
Faz crer que um dia pára a tempestade
Ver a rosa perfumada entre espinhos
Ver a luz no fim do túnel no caminho.

Vera Lúcia